São Paulo – A Embraer quer aumentar a participação dos países árabes nos seus negócios. De acordo com o presidente da fabricante de aviões, Frederico Fleury Curado, que apresentou os resultados de 2010 na manhã desta sexta-feira (25), em São Paulo, os países do Oriente Médio são clientes em dois mercados importantes: aviação comercial, que no ano passado respondeu por 56% da receita, e aviação executiva, que contribuiu com 20% do faturamento de US$ 5,36 bilhões. "Queremos aumentar nossa presença, seja em marketing ou em reposição de peças", disse Curado.
"O mercado dos países árabes tem uma regulação muito forte do espaço aéreo mas, à medida que há uma maior liberalização do setor, aumenta-se a frequência de voos longos e regionais. Hoje, nós temos quase 100% de market share (presença) nos mercados árabes com o (modelo) Lineage 1000", afirmou Curado. Ele disse, também, que o Oriente Médio oferece desafios no desenvolvimento de aeronaves. "O desempenho precisa ser robusto, a qualidade das cabines precisa ser boa, pois eles exigem uma boa primeira classe. Há uma grande quantidade de areia na região e o avião precisa suportar isso. Estamos satisfeitos". Segundo Curado, apenas um Lineage não foi para o Oriente Médio. No ano passado, a companhia entregou oito jatos deste modelo.
Curado também lembrou do Embraer 175 entregue nesta semana para a Oman Air. A aeronave tem capacidade para transportar 71 passageiros (11 na classe executiva e 60 na econômica) e foi a primeira entregue a um país árabe neste ano. Outros dois aviões – de um pedido de cinco – deverão voar pela Oman Air ainda em 2011. "Temos também clientes muito importantes no Oriente Médio no mercado de aviação executiva. Entregamos aviões no Kuwait, no Catar e nos Emirados Árabes Unidos", disse. Entre as empresas de aviação comercial, voam com jatos da Embraer Egyptair, Oman Air, Royal Jordanian, Saudi Arabia e Nasair.
Países do Oriente Médio respondem por cerca de 4% da receita da Embraer, que tem como principais clientes companhias europeias (33% do total), Ásia/Pacífico (22%), América Latina (15%), Brasil (13%) e América do Norte (13%). Ele afirmou que as instabilidades na Líbia e o terremoto no Japão não afetam, por enquanto, as operações da empresa.
Além de perda de receita (de US$ 5,49 bilhões em 2009 para US$ 5,36 bilhões em 2010) a Embraer registrou queda no lucro e na carteira de pedidos em 2010. O lucro líquido foi de US$ 330,2 milhões. Mesmo assim, o resultado é pior do que o de 2009, quando a empresa teve um lucro líquido de US$ 465,2 milhões. Em 2010, a empresa entregou 100 jatos comerciais (em 2009 foram 122) e 144 aviões executivos (mais do que os 115 de 2009). Já a carteria de pedidos atingiu US$ 20,9 bilhões em 2008 caiu para US$ 16,6 bilhões em 2009 e para US$ 15,6 bilhões em 2010. Segundo Curado, os maiores desafios para a Embraer são o aumento do custo da mão de obra nacional e o câmbio. As empresas aéreas, em geral, serão afetadas pelas altas no preço do petróleo.
Este ano o faturamento deve crescer 5% e atingir US$ 5,6 bilhões. Desse total, US$ 3,1 bilhões deverão vir da aviação comercial, US$ 1,2 bilhão da aviação executiva, US$ 700 milhões de serviços aeronáuticos e US$ 600 milhões de defesa e segurança.
Curado lembrou que a Embraer continuará a investir no desenvolvimento de aviões, especialmente dos jatos executivos Legacy 450, Legacy 500 e no avião militar KC-390. Embora a empresa tenha US$ 691,8 milhões em caixa, Curado afirmou que já há uma linha de crédito disponível no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).