São Paulo – O Espírito Santo registrou aumento de 30% na produção de frutas nos últimos seis anos. Segundo dados do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper), em 2002 a produção anual de frutas no estado não passava de 750 mil toneladas. Hoje, com uma área de 85 mil hectares, a produção é estimada em 1,28 milhão toneladas por ano.
Com isso, a fruticultura já ocupa a terceira colocação no negócio agrícola capixaba, participa com 18% do valor bruto da produção agropecuária estadual, proporciona uma renda superior a R$ 500 milhões por ano e gera cerca de 50 mil empregos diretos e 150 mil indiretos.
O aumento da demanda do mercado internacional é apontado como um dos fatores que contribuíram para expansão da fruticultura no estado. "É o setor agrícola que mais cresce mundialmente", afirma Aureliano Nogueira, coordenador do Programa de Fruticultura do Incaper.
Hoje os maiores mercados de destino das frutas capixabas são países da Europa como Alemanha, Bélgica, França e Inglaterra, mais os Estados Unidos. Os Emirados Árabes Unidos aparecem de forma bastante tímida na lista de importadores, mas a região é considerada de grande potencial. “Os países árabes ainda são mercados novos, mas muito interessantes para investimentos futuros de prospecção”, diz Nogueira.
De acordo com informações do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), em 2007 o Espírito Santo exportou 16 mil toneladas de frutas. Em 2008, de janeiro a agosto, já embarcou 11 mil toneladas. O mamão papaia é o carro-chefe das vendas externas do estado, que também exporta limão, manga, abacate, coco e goiaba.
Segundo dados do Incaper, as frutas que apresentaram maior aumento na produtividade foram o abacaxi, que registrou crescimento histórico – saltou de 15 toneladas por hectare para 45 -, e o mamão, que passou de 40 toneladas por hectare para 70. Outro dado que chama a atenção no estudo é que não houve aumento considerável de área plantada.
Na opinião de Nogueira, isso só foi possível graças às pesquisas e assistência técnica, que resultaram no lançamento de materiais resistentes a pragas e doenças e de variedades de excelente qualidade e alta produtividade; a organização da cadeia produtiva; a capacitação técnica e gerencial; a consolidação de novas regiões produtoras; e a abertura do mercado externo com uso de tecnologias que atendam ao mercado, como rastreabilidade e produção integrada de frutas. “Essas são algumas das atividades que o governo do estado vem desenvolvendo para expandir ainda mais o setor", afirma.
O coordenador destaca ainda que, apesar de ocupar apenas 0,5% da área territorial do país, o Espírito Santo apresenta grande diversidade de ambientes naturais, o que possibilita a produção de diversos tipos de frutas, desde as tropicais, das regiões de clima quente no norte e nordeste do estado, até as típicas de clima temperado, na região serrana.
Além das condições favoráveis de clima e de solo para a produção de uma grande diversidade de frutas, o estado apresenta uma localização geográfica privilegiada, próxima aos grandes centros consumidores do país, e conta ainda com um parque agroindustrial.
Avanços
De acordo com Nogueira, um dos exemplos que resume bem a atuação do instituto para melhorar e fortalecer o investimento dos produtores capixabas é que, no final dos anos 90, devido aos trabalhos coordenados por pesquisadores do órgão, o Espírito Santo rompeu as fronteiras nacionais e passou a exportar mamão, em escala comercial, para os Estados Unidos.
O outro exemplo vem da cultura da banana. Após décadas de pesquisas, no ano passado, numa grande festa que reuniu mais de mil produtores na Fazenda Experimental do Incaper, em Alfredo Chaves, o Instituto lançou duas variedades de banana prata, batizadas de "Japira e Vitória", que são resistentes às principais doenças que atingem as lavouras, as sigatokas negra e amarela e ao mal-do-panamá. “Antes disso, produtores do mundo inteiro estavam atormentados com estas doenças, que ameaçavam dizimar os bananais e extinguir a fruta”, conta.
Pólos
Atualmente a fruticultura do Espírito Santo é dividida em pólos: goiaba, morango, manga, coco, maracujá, banana, mamão, uva, abacaxi e, em fase de implantação, o pólo do pêssego. Segundo afirma Aureliano Nogueira, a formação dos pólos frutícolas tem sido muito utilizada em outras regiões do país consideradas significativas na produção e comercialização de frutas.
"A concepção de pólos, além de viabilizar a produção de frutas em escala, potencializa e organiza as ações de assistência técnica, o direcionamento do fomento, através de crédito agroindustrial e de insumos. Promove ainda a diversificação agrícola e de renda para os agricultores de base familiar”, explica.
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