São Paulo – Uma variedade maior de marcas estrangeiras de azeites está presente e interessada no mercado brasileiro. A informação é da presidente da Associação Brasileira de Produtores, Importadores e Comerciantes de Azeite de Oliva (Oliva), Rita Bassi (foto acima), que falou nesta quinta-feira (22) durante o workshop “Conhecendo o Azeite de Oliva”, na Universidade Aberta do Meio Ambiente e da Cultura da Paz (UMAPaz), na capital paulista.
De acordo com Bassi, o brasileiro começou há algum tempo a apreciar o produto e o tamanho do mercado nacional acabou atraindo o interesse de vários países produtores de azeite. “Olha o tamanho do nosso Brasil, olha o tamanho da nossa população, então é óbvio que há interesse, os árabes têm interesse, está chegando produtos destes países”, afirmou a presidente, lembrando que o Brasil é também um mercado de azeite em crescimento.
Bassi citou entre os interessados em vender azeites para o Brasil os marroquinos, os egípcios e os tunisianos. Números compilados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira mostram que de janeiro a setembro deste ano o Brasil fez compras de US$ 4 milhões em azeite de oliva do mundo árabe, quase que a totalidade da Tunísia. No ano passado todo, as compras somaram US$ 2,1 milhões, o que significa que o valor deste ano até setembro dobrou. Também a Tunísia forneceu mais de 90%.
“A Tunísia está se abrindo mais para o mundo, buscando mercado não só aqui”, afirmou Bassi à ANBA. Ela lembrou que a Oliva faz um trabalho conjunto com a Câmara Árabe neste sentido, para promover os azeites de países árabes no Brasil, e que a associação também participa do Conselho Empresarial Brasil-Tunísia. O grupo é formado por representantes do setor empresarial dos dois países e trabalha para fomentar o intercâmbio comercial bilateral.
Atualmente, o maior produtor e exportador mundial de azeite de oliva é a Espanha, posto que o país disputa de perto com a Itália. Os dois são fornecedores do produto para o Brasil. Dados compilados pela Câmara Árabe mostram que Portugal é o maior fornecedor de azeite de oliva do Brasil, seguido de Espanha, Argentina, Chile e Itália. Os países árabes juntos estão na sexta colocação. Entre os árabes, a Tunísia é seguida por Líbano na ordem de fornecedores ao Brasil.
A presidente da Oliva fez algumas considerações sobre o mercado de azeite no workshop, mas se deteve a maior parte do tempo em explicar como é feita a produção e o que é preciso levar em conta ao avaliar a qualidade de um azeite. O encontro foi promovido com apoio da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (SVMA) para comemorar o Dia Mundial da Oliveira, que é celebrado no dia 24 de novembro. A Oliva é parte do Conselho Oleícola Internacional (COI).
A Oliva trabalha para garantir para que sejam vendidos azeites de qualidade no mercado brasileiro e identifica marcas que estão irregulares. Bassi falou que o azeite virgem é um “suco de azeitona” e não deve ter adição de substância química, algum outro alimento ou óleo. Ela descreveu o processo produtivo, desde a colheita das azeitonas até a extração do azeite.
De acordo com Bassi, há atualmente cultivo de oliveiras de forma tradicional, que são os projetos mais antigos, com colheita manual e irrigação apenas pela chuva. Nestas, há entre 100 e 200 árvores por hectare. Há também o intensivo, com 200 a 400 árvores por hectare e rega parcial, e as superintensivas, com irrigação sistemática e presença de mil a duas mil oliveiras por hectares. Neste último estão as grandes produções atuais.
O azeite é produzido em um lugar chamado Lagar, no qual as azeitonas são recebidas e passam por processo de limpeza e lavagem. Depois vão para a moenda, onde são trituradas com caroço e tudo. A etapa seguinte é a termobatedura, no qual são novamente batidas e de onde sai uma pasta que vai para a centrifugação. Ali o azeite já sai separado do bagaço. Ele passa ainda por outra centrifugação para tirar as impurezas que possam ter ficado.
Bassi conta que é preciso uma grande quantidade de azeitonas para fazer alguns litros de azeite. Para produzir entre seis a 10 litros de azeite, por exemplo, são necessários de 40 a 60 quilos de azeitonas, segundo material apresentado pela presidente da Oliva. De toda a composição da azeitona, apenas de 18% a 32% é azeite. O Brasil tem alguns projetos de produção de azeite de oliva, em regiões como Minas Gerais e Santa Catarina, mas a fabricação nacional é ainda incipiente.