São Paulo – O número de obras literárias brasileiras traduzidas para outros idiomas e publicadas fora do País está crescendo, e deve continuar avançando com a publicação de um programa de bolsas da Fundação Biblioteca Nacional (FBN) que prevê R$ 12 milhões para a área nos próximos dez anos. Segundo a coordenadora do Livro e da Leitura da FBN, Georgina Staneck, de uma média de 23 bolsas concedidas anualmente para as traduções e publicações de livros brasileiros no exterior, o volume passou a 68 só no segundo semestre do ano passado.
Georgina acredita que o aumento da publicação de obras nacionais lá fora é reflexo do trabalho de sensibilização desta necessidade pela FBN junto ao governo e do fato de que o Brasil será homenageado em 2013 na Feira de Frankfurt, a maior feira de livros do mundo. “O leque de países [que publicam as obras] também aumentou. As pessoas estão olhando mais para o Brasil. E o que eles gostam e estão procurando são os [autores] atuais, nada de clássicos, eles querem o novo Brasil”, explica Georgina.
Todos esses fatores devem continuar influenciando na procura nos próximos anos. E os recursos disponibilizados pelo Ministério da Cultura, por meio da FBN, também. Para o período 2011/2012 o edital do Programa de Apoio à Tradução e Publicação de Autores Brasileiros no Exterior prevê R$ 2,7 milhões. Para os anos seguintes serão lançados novos editais. A bolsa, de US$ 1 mil a US$ 4 mil, é concedida a editoras estrangeiras que desejam traduzir, publicar e distribuir, no exterior, livros de autores brasileiros já publicados em português.
As obras podem ser de literatura e humanidades, em romance, conto, poesia, crônica, infantil, juvenil, teatro, de referência, ensaio literário, ensaio de ciências sociais, ensaio histórico, além de antologias de poemas e contos. Podem ser livros nunca traduzidos para o idioma indicado, uma nova tradução naquela língua ou até mesmo obras já traduzidas e que estejam esgotadas ou fora de mercado há pelo menos três anos. Para os dois primeiros casos, há bolsas de US$ 2 mil a US$ 8 mil e para o último, de US$ 1 mil a US$ 4 mil.
Qualquer idioma pode concorrer, mas a experiência brasileira mostra que a demanda vem principalmente de países europeus, de acordo com Georgina. No ano passado, por exemplo, a Argentina teve maior número de bolsas: dez. Em seguida, porém, vieram Inglaterra, com sete bolsas, e Espanha, França e Itália, cada um com seis. Também estiveram na lista Croácia, Bulgária, Hungria, Romênia, Grécia, Israel, Suécia, Chile, México, Estados Unidos, Suíça, Holanda, Alemanha, Reino Unido, Líbano, Ucrânia e Peru.
No Líbano, um dos poucos países árabes que recebeu a bolsa da FBN nos últimos anos, quem recebeu o benefício foi a editora Dar Al-Farabi, para publicar o livro Nur na Escuridão, de Salim Miguel, que foi lançado no Brasil em 2000. A obra, um romance, conta a saga de uma família libanesa que emigra para Santa Catarina em 1927. Ele ganhou, no ano 2000, o Prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) por melhor romance, e em 2001 o Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon de Literatura.
Entre os autores brasileiros, os que tiveram pelo menos duas demandas de traduções no exterior, em 2010, estiveram nomes como Jorge Amado, Alberto Mussa, Luis Fernando Veríssimo, Moacyr Scliar, Chico Buarque, Machado de Assis e Bernardo Carvalho.
Serviço
Edital do Programa de Bolsas
http://www.bn.br/portal/arquivos/pdf/translation-grant-fbn-minc-2011.pdf (em inglês)
http://www.bn.br/portal/arquivos/pdf/Edital-de-Traducao-FBN-MINC-2011-2012.pdf (em português)

