São Paulo – Quando o hotel Maksoud Plaza foi inaugurado, em dezembro de 1979, São Paulo só tinha um cinco estrelas: o Hilton, no Centro. O prédio do Hilton, que se mudou para o Brooklin, hoje é a sede do Tribunal de Justiça de São Paulo. Já o Maksoud continua na esquina da Alameda Campinas com a Rua São Carlos do Pinhal, perto do principal cartão-postal da cidade, a Avenida Paulista. Até hoje, quem toma todas as decisões sobre o futuro do hotel é o seu criador e proprietário, o descendente de libaneses Henry Maksoud. Atualmente, decidir é o que mais tem feito o empresário de 82 anos. O Maksoud Plaza passa por uma série de reformas que prometem atualizá-lo em relação aos concorrentes.
Henry diz que o Maksoud sempre está em obras e afirma que não se preocupa com a concorrência nem se espelha nela para administrar seu hotel. “São eles que olham para tudo o que faço”, afirma. Ainda neste semestre, o Maksoud ganha um novo heliponto, capaz de receber helicópteros com até cinco toneladas. Abaixo dele, a cerca de 90 metros do chão, ficará o bar e restaurante Belvedere. “Teremos uma vista de toda a cidade, como a do Edifício Itália”, diz o neto de Henry e diretor de operações do hotel, Henry Maksoud Neto. “De lá é possível ver a Serra do Mar e a Serra da Cantareira”, diz.
Os 416 apartamentos estão ganhando televisões de tela fina e pisos laminados no lugar dos antigos carpetes. A cobertura de policarbonato que ilumina o vão livre do chão até o teto do prédio foi trocada por uma de vidro que filtra os raios UVA e UVB. No fim de 2009, a fachada do prédio ganhou desenhos coloridos e iluminação com lâmpadas de LED. Henry afirma que nada disso está relacionado a uma perda de hóspedes para outros hotéis (a taxa de ocupação média varia entre 50% e 55%). A sala de ginástica também ganhou equipamentos novos. São as mais recentes mudanças pelas quais passa um dos hotéis mais tradicionais da cidade.
“Os libaneses são pioneiros. Isso está no nosso sangue”, brinca Maksoud, filho e neto de libaneses. Seu pai, Nagib Maksoud, veio para o Brasil em 1923. Passou pelo Rio de Janeiro antes de se mudar para Aquidauana, no Mato Grosso do Sul. Na pequena cidade, conheceu Adélia Damus, também descendente de árabes. Casaram-se e tiveram quatro filhos. Henry Maksoud, o mais velho, nasceu em 08 de março de 1929 em Aquidauana. Cresceu vendo o pai trabalhar na loja Casa União.
Ele ainda viveria em Campo Grande antes que os pais o mandassem para São Paulo para estudar. Formou-se engenheiro no Mackenzie e fez pós-graduação nos Estados Unidos. Aqui, ele criou a Hidroservice, que construiu o Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro. “Foi a maior do mundo em engenharia consultiva.”, diz. A empresa não tem o mesmo tamanho de antes. Em 2007, por causa de uma dívida trabalhista da Hidroservice, o Maksoud foi a leilão, mas não houve lances.
O empresário não se restringiu a atuar apenas na área de engenharia. Nos anos 80, Henry Maksoud dirigiu uma editora com oito revistas (a principal delas, Visão teve tiragem de 200 mil exemplares). E, no começo dos anos 90, apresentou o programa “Henry Maksoud e você” na TV Bandeirantes.
Henry decidiu construir o Maksoud Plaza porque achava que São Paulo tinha espaço para um novo hotel de luxo. “O cinco estrelas da cidade era o Hilton. Achei que São Paulo não tinha muitas opções”, recorda. Quando foi inaugurado, o Maksoud atraiu hóspedes famosos e importantes, como o cantor Frank Sinatra e a primeira-ministra da Grã-Bretanha, Margaret Thatcher. Hoje, passam por lá os cantores e compositores Paulinho da Viola, João Gilberto, Djavan e Maria Bethânia.
A hotelaria ocupa a maior parte do seu tempo e deve permanecer assim, pois ele garante que não pensa em se desfazer do Maksoud Plaza. Propostas não faltam. “Me ligam quase todos os dias, mas essas pessoas não investem, não querem gastar. Não vou vender”, afirma.
Além de não se desfazer do hotel que tem, o empresário quer ampliar a rede. Enquanto atualiza as instalações, ele se esforça para concluir seu novo empreendimento, o Maksoud Plaza Manaus Hotel e Resort, às margens do Rio Negro, na capital amazonense. As obras começaram há 12 anos, mas ele garante que até a Copa de 2014 o hotel estará pronto. “Tivemos que fazer um estudo sobre as cheias do rio e nos preparar para que a água não alague o hotel”. Para isso, os engenheiros aumentaram com areia e terra a altura da ilha em que o hotel ficará em relação ao nível do rio. Depois de pronto, o resort terá 300 quartos (e poderá ser ampliado com mais 300).
Tudo isso sem descuidar dos cuidados com o hotel paulistano. Henry Maksoud Neto estima que os investimentos cheguem a R$ 3 milhões. As reformas, contudo, não mudam algumas características do Maksoud: o atendimento cuidadoso, a piscina decorada com pastilhas folheadas a ouro e o vão livre do térreo até o último andar. Isso nenhum concorrente oferece. "Fiz o Maksoud para estar sempre adiante. E ele está", diz o proprietário.