São Paulo – Com o objetivo de universalizar o acesso à comida saudável e transformar hábitos, Rodrigo Barros (foto acima), ao lado dos sócios Fernando Bueno e Victor Giansante, fundaram a Boali entre o final de 2015 e início de 2016. Barros, atual CEO da empresa, contou para a ANBA sobre os planos de expansão internacional, que começam este ano.
Em 2023, a empresa 100% brasileira vai chegar em Portugal, Estados Unidos e nos Emirados Árabes Unidos. Com a adaptação às regionalizações em termos de produtos e respeitando a cultura local, mas mantendo a essência do negócio, a Boali quer abrir de três a quatro franquias na Flórida, Colorado e Wisconsin, uma em Dubai e outra na região de Lisboa.
A ideia de exportar o negócio veio por dois motivos: primeiro porque, segundo o CEO, a empresa já atingiu a maturidade necessária para isto e a Boali quase já atingiu o crescimento esperado para este ano. “A gente sempre olhou para o número de ter 100 operações no Brasil, que é um número que estamos chegando agora no primeiro semestre deste ano, para poder ganhar o mundo”, conta Barros.
Hoje a marca está presente em 17 estados brasileiros, sendo 29 franqueados em mais de 80 operações. O valor do ticket médio a nível nacional é de R$ 40, e apesar de bastante variado, o público é composto majoritariamente por mulheres, que gostam de comida saudável, entre 35 e 45 anos e economicamente ativas.
Portugal é o país onde as negociações estão mais próximas de virar realidade. Até abril, a Boali deve abrir a primeira franquia na região de Lisboa. Na sequência, o mesmo grupo que está levando a marca para Portugal, quer expandir os negócios na Espanha.
“Com os Estados Unidos, a gente está olhando e negociando. Vamos atender em três estados, com uma franquia, no mínimo, em cada região. A ideia é ter a primeira franquia brasileira ainda no primeiro semestre de 2023”, diz o CEO.
Como já existe um mercado de alimentação saudável mais consolidado nos Estados Unidos, a intenção dos fundadores é levar o que têm no cardápio e apenas mudando o layout da loja, afinal o público de lá está mais acostumado a retirar o produto para comer no escritório, na rua, andando ou em casa.
Em relação aos países árabes, no início a intenção era começar a expansão apenas em Dubai, inclusive já existia uma previsão para abrir a primeira loja no emirado, porém, Barros viu que as oportunidades da Boali podem ir muito além.
“Esses países [árabes] têm um grande poder de compra, com grande potencial de consumo e o ocidente ainda olha pouco. Vemos muito a evolução cosmopolita que teve em Dubai, mas é muito pequena perto de toda oportunidade que existe em países árabes, por conta da globalização e evolução cultural. Por lá acabam tendo a maioria das marcas regionais, porém são grandes as oportunidades de entrada de novas marcas globais. Temos sido muito bem recebidos com todos que conversamos.”
Com as negociações caminhando com diferentes grupos, o plano agora é em cinco anos ter 55 operações. Deste total, 20 operações devem acontecer só na Arábia Saudita, e o restante vai atender Catar, Emirados Árabes Unidos, Bahrein, Kuwait e Omã.
A abertura da primeira loja no mundo árabe, atendendo este novo plano, deve ser em Dubai, mas os planos podem mudar, porque as negociações estão em processo.
Surgimento da marca
A ideia de criar a primeira, e hoje a maior, franquia de alimentação saudável do País veio de uma continuação de outra marca: a Salad Creations. Entre os quatro jovens que trouxeram a empresa norte-americana de saladas para o Brasil em 2007 estavam Fernando Bueno e Victor Giansante. Barros entrou como investidor em 2013 e ele conta que no início dos anos 2000, a alimentação saudável começou a ser um negócio em crescimento nos Estados Unidos, mas quando a empresa veio para o Brasil, ainda era uma opção pouco provável.
Tendo isso em vista, em 2015, a Salad no Brasil foi comprada pelo trio que a transformou em Boali, diminutivo de Boa Alimentação. “Quando criamos a Boali, uma das primeiras coisas que entendemos é que não dava para ter um negócio só de salada. Então criamos um negócio que foi além de salada, um negócio de boa alimentação, de comida saudável, mas ao mesmo tempo, de comida afetuosa, que pudesse fazer sentido para o dia a dia do brasileiro”, explica o CEO.
Por isso, além de saladas, em 2016 o primeiro restaurante da Boali, no Ribeirão Shopping, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, apresentou outras opções de alimentos: crepes, wrap, burrito, bowls, sobremesas – com opções 70% cacau, bebidas como chás, sucos naturais e kombuchas.
Mesmo tendo um negócio em plena expansão, Barros conta que a comida saudável ainda não é muito popular entre os brasileiros, principalmente por falta de acesso e produção em escala, e diminuição de preço. “O que a gente tem feito é justamente dar este acesso, fazer com que a pessoa possa pagar na Boali o mesmo que paga em outras lojas da praça de alimentação, onde você geralmente vai gastar R$ 40 entre lanche e bebida”, disse.
O nível de consciência do brasileiro para a comida saudável tem aumentado, com um público mais preocupado em comer melhor. Porém a comida processada ainda é mais consumida por ser mais barata. Esse preço baixo só é possível pela produção em grande escala.
Para Barros, questões como infraestrutura, educação alimentar, segurança alimentar e do alimento precisam ganhar mais destaque para que a comida saudável ganhe atenção, aumente a quantidade de consumidores e assim passe a ser produzida em maior escala.
Com o modelo de negócio focado em quiosque ou lojas em shopping centers, além das lojas de rua e lojas corporativas, dentro de empresas, a marca chegou a 17 estados do País. Na sede da Boali, localizada em Alphaville, em São Paulo, tem mais de 500 funcionários. Em 2029, a ideia do CEO é fazer um IPO para universalizar ainda mais o acesso à alimentação saudável.