São Paulo – As empresas da indústria da beleza do Oriente Médio estão traçando novas estratégias em suas mídias sociais. Uma das direções, segundo especialistas da região, é uma comunicação que mostre imagens mais reais. O movimento é uma busca para se adaptar às novas demandas de consumo, apontaram especialistas em webinar realizado pela Beautyworld Middle East (foto acima), a maior feira internacional do setor da região, que ocorrerá em novembro em Dubai.
Com o crescimento do comércio eletrônico, as marcas viram aumentar também a importância de canais como o Instagram. Para permanecer relevantes no contexto do chamado ‘novo normal’ as empresas identificaram que trabalhar fatores como confiança, autenticidade e transparência são essenciais para o engajamento do consumidor nas redes.
Para Noor Al Tamimi, CEO da Bedashing Holding, operadora dos Emirados Árabes Unidos de salões de cabeleireiros e manicure, e spas, a pandemia a forçou a repensar completamente sua abordagem de mídia social. “Antes da covid-19, costumávamos nos esforçar para obter imagens perfeitas, mas percebemos que isso não seria relevante, dado o momento pelo qual as pessoas estão passando. Então, buscamos mais interação com nosso público, adotando um tom mais realista, realizando pesquisas para descobrir o que as pessoas querem, e isso é um caminho sem volta”, disse ela.
Leon Rego, CEO e estrategista-chefe da Eleven777 Advertising, concorda com Al Tamimi. Ele lembra que os jovens de 16 a 24 anos da Geração Z estão entre os mais exigentes observadores da divergência entre a realidade e o que é postado em conteúdos online. “Eles são extremamente críticos quando se busca transparência e autenticidade”, explicou Rego. Já Samira Olfat, fundadora da Samira Olfat Cosmetics, acredita que agora o mais comum será ver plataformas online emergirem como competidores para sites de comércio eletrônico já estabelecidos.
A empresa de pesquisas Euromonitor International, parceira com a Beautyworld Middle East, divulgou durante o webinar dados de um relatório sobre o setor da beleza. Segundo o estudo, em toda a região, os níveis de conforto do consumidor em relação ao digital estão aumentando. O aumento de lojas virtuais também faz com que os consumidores se aproximem mais de sites com os quais eles podem interagir. O relatório identificou, ainda, aumento nas conversas virtuais, uso de realidade aumentada e chatbots como opções de experiências virtuais sendo incorporadas por marcas de beleza, especialmente para geração Y e a geração Z.
Antes mesmo da pandemia, a Euromonitor já previa um crescimento de dois dígitos no comércio eletrônico regional de beleza e cuidados pessoais durante este ano na Arábia Saudita, Omã e Kuwait. O estudo identifica que marcas premium terão que ter mais flexibilidade em seu mix de canais e se voltar para setores do varejo, saindo de sua zona de conforto imediata, além de adotar o conceito de ‘luxo acessível’ mais fortemente.