São Paulo – O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Marcelo Sallum, foi um dos palestrantes do evento Diálogos sobre Política Externa na quarta-feira (19), em Brasília. A série de debates promovida pelo Itamaraty teve como temas esta semana o Oriente Médio e a África. Sallum fez um balanço das relações dos países árabes com o Brasil. Ele lembrou que, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 0,9% da população brasileira declara ter família com raiz no Oriente Médio.
O presidente da Câmara Árabe destacou, por exemplo, que as exportações brasileiras ao mundo árabe cresceram 407% nos últimos dez anos, passando de US$ 2,76 bilhões em 2003 para US$ 14 bilhões em 2013. Na outra mão, as importações feitas pelo Brasil de produtos árabes saíram de US$ 2,72 bilhões para US$ 11,39 bilhões no mesmo período.
Sallum ressaltou, porém, que o intercâmbio econômico entre brasileiros e árabes vai além do comércio e envolve investimentos recíprocos, como o terminal portuário operado pela DP World, de Dubai, em Santos, e a fábrica de alimentos da Brasil Foods em Abu Dhabi, entre outros empreendimentos.
Ele lembrou que a partir de 2007 foram lançados cinco voos diretos de países árabes para o Brasil, sendo que então não havia nenhum.
Na seara diplomática, Sallum destacou que a assinatura de acordos de proteção recíproca de investimentos e para evitar a bitributação de Imposto de Renda entre o Brasil e países do Oriente Médio e Norte da África pode abrir mais oportunidades de negócios.
O presidente da Câmara Árabe comentou também que o Mercosul negociou acordos de livre comércio com nações árabes, e dois deles, com o Egito e a Palestina, já foram assinados, mas ainda não entraram em vigor porque precisam ser ratificados pelos parlamentos dos países do bloco sul-americano.
O Mercosul iniciou negociações semelhantes ainda com o Conselho de Cooperação do Golfo (Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã), Marrocos e Jordânia, mas as tratativas não foram concluídas. Sallum ressaltou a necessidade de aceleração das negociações.
Ele citou também alguns problemas que afetam os negócios do Brasil com nações árabes, como a suspensão da compra de carne bovina brasileira pela Arábia Saudita, que depende de acordo entre os dois governos para ser encerrada; a imposição de tarifa de 250% à importação de carne brasileira pelo Marrocos, o que na prática inviabiliza os negócios, ao passo que a Argentina tem livre acesso ao mercado; e dificuldades enfrentadas por empresas brasileiras para exportar equipamentos médicos e hospitalares ao Iraque, sendo que não há restrições a produtos dos Estados Unidos, Europa e Japão.
O presidente da Câmara Árabe falou ainda sobre a importância da realização de missões oficiais e comerciais e sugeriu a adoção de emissão simplificada de vistos para pessoas em viagem de negócios.


