São Paulo – Os hotéis Marriott no Brasil estão fazendo uma série de adaptações em sua maneira de funcionar para conviver com o novo perfil de consumidor que o mundo pós pandemia terá. As ações são coordenadas com o que é feito na rede mundialmente e algumas delas foram apresentadas pela diretora de vendas e marketing da Marriott Brasil, Nina Mazziotti (foto acima), em webinar promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, nesta quarta-feira (20), que reuniu quase 600 pessoas.
Mazziotti contou que o Marriott criou um conselho global de limpeza, formado por cientistas renomados de áreas como microbiologia de alimentos, doenças infecciosas, segurança de alimentos e saúde, hotelaria e gerenciamento, pensando na mudança de comportamento do consumidor, que elevará suas exigências em higiene e limpeza em função do novo coronavírus. “Queremos deixar nossos clientes e parceiros seguros de que esse é o nosso foco e a nossa prioridade”, relatou a diretora na conferência virtual.
Entre as medidas para entregar hotelaria pós pandemia estão o uso de tecnologia avançada em ultravioleta para higienizar chaves ou outros dispositivos compartilhados entre hóspedes, e de uma tecnologia de pulverizadores eletrostáticos para desinfetar, em nível hospitalar, apartamentos e em áreas comuns como lobbies e academias.
As amenities dos quartos incluirão lenços para desinfecção pessoal. Além disso, haverá sinalização de distanciamento, novas divisões na recepção, máscaras e luvas à disposição dos hóspedes, ações de higienização nas entradas dos hotéis, elevadores e outros espaços comuns. A possibilidade de fazer check-in e pedir serviço de quarto pelo celular, o que já era oferecido, seguirá mais forte.
Mazziotti contou que o hotel está realizando eventos híbridos, que são parte online e parte presencial. “Você faz online, mas precisa de suporte físico, com poucas pessoas no espaço de evento do hotel”, conta. Nesse caso, até a alimentação do evento é levada por delivery até a casa dos participantes. Ela cita como setor que usa o serviço a indústria farmacêutica que precisa treinar seus vendedores.
A rede Marriott tem 7.500 hotéis no mundo, em 131 países, e no Brasil possui 14 hotéis. A diretora conta que no Brasil o impacto da crise começou a ser sentido no começo de março e que o primeiro foco das ações foram os hóspedes, investidores e associados, que são colaboradores e funcionários. A rede tomou medidas como contenção de despesas e trabalho em home office para as atividades possíveis. O negócio foi reduzido em 90% no Brasil, com os hotéis atendendo pessoas com viagens essenciais, como executivos de indústrias.
Passado o susto, Mazziotti conta sobre as medidas que vieram, como a criação de tarifas especiais para profissionais de saúde e flexibilização de prazos para cancelamento de reservas nos hotéis da rede. A diretora de vendas e marketing afirma que as negociações de contratos de eventos e congressos que deixaram de ser realizados foram positivas no geral e, que a maioria foi reagendado.
Segundo Mazziotti, na China, os hotéis retomaram com 15% de ocupação, hoje em 30%. “A gente acredita que, nessa retomada, além das viagens essenciais, a grande demanda vai ser local, regional, Brasil para Brasil”, afirma. Ela crê que a movimentação virá no último trimestre do ano. “Mas a única certeza que há é que a gente não sabe de nada como ficará daqui para a frente, é a certeza da incerteza”.
O secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour, que mediou os debates juntamente com o presidente da entidade, Rubens Hannun, fez sugestões para Mazziotti, se colocando no lugar dos empresários que precisarão de hospedagem. “Os empresários precisam sentir que os hotéis fazem parte da sua casa. Todos ficam falando “fica em casa”, então, quem precisa trabalhar e se hospedar, tem que ficar numa rede de hotel que pode garantir que ele está em casa, com total segurança”, afirmou.
O CEO da agência de viagens Travel Plus, Renato Aureliano, relatou a experiência da sua empresa na pandemia. A agência tem forte foco em viagens corporativas e amargou queda de 90% no faturamento. “Estamos tendo uma pequena demanda, profissionais de algumas empresas estão voando neste momento, precisam fazer negócios no Brasil, em logística, construção”, disse Aureliano. A empresa diminui carga horária e jornada de trabalho e não demitiu nenhum dos 28 funcionários. “Com esses 10% conseguimos pagar o custo fixo, evitando raspar o caixa, estamos tendo toda cautela e vamos sair dessa com certeza”, disse ele aos participantes.
Falaram no webinar ainda o líder de mercados da KPMG, André Coutinho, os sócios do Baker & McKenzie Habib Al Mulla, Tarek Saad e Pietro de Libero, o sócio do Veirano Advogados, Fábio Amaral Figueira, e o diretor jurídico da Câmara Árabe, William Abid Dib Jr. Os executivos do Baker & McKenzie Habib Al Mulla falaram desde os Emirados Árabes Unidos. Houve tradução simultânea para o português e o inglês e participação de público do Brasil e exterior, especialmente de países árabes.
Acompanhe outras reportagens da ANBA abaixo com as demais abordagens do webinar e conferência completa no YouTube.
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