São Paulo – O Marrocos, país árabe do Norte da África, deve se espelhar na experiência de um estado brasileiro para melhorar as condições de vida na sua área rural. Uma comitiva com autoridades do país esteve no Rio Grande do Norte há cerca de dez dias conhecendo o projeto que o estado leva adiante para diminuir a pobreza no campo. O programa tem financiamento do Banco Mundial (BM). Os marroquinos estiveram no estado, juntamente com um consultor da Organização das Nações Unidas (ONU), a convite da instituição financeira. Também três consultores do BM integraram a comitiva.
“Onde há organização, há vida e desenvolvimento com justiça”, afirma, para demonstrar qual é a linha mestra do programa, Jercino Saraiva Maia, coordenador estadual do programa Desenvolvimento Solidário, responsável pelo Projeto de Combate à Pobreza Rural. Ele funciona atrelado à Secretaria Estadual de Trabalho e Ação Social do Rio Grande do Norte. O projeto estimula as comunidades rurais a se organizarem, formarem entidades representativas, e então definirem, de forma conjunta, quais são seus principais problemas e que ações devem ser implementadas para que eles sejam solucionados. A comunidade executa o projeto, após receber financiamento.
De acordo com Maia, os marroquinos saíram satisfeitos do estado e determinados a adaptar o programa ao seu país. O grupo esteve no Rio Grande do Norte entre os dias 8 e 11 de junho e visitou diversas ações já implementadas, através do programa, pelas comunidades. Entre elas, uma localidade rural que passou a captar água de um açude, a remeteu para um reservatório e com isso abastece 23 residências, outra que fez barragens para garantir a produção de alimentos orgânicos, uma que leva adiante um projeto de produção e exportação de castanhas e outra ainda que formou uma banda filarmônica de jovens.
As ações do projeto podem ser das áreas de infra-estrutura, produção e social, segundo Maia. Do total de dinheiro utilizado em cada iniciativa, 75% vem do Banco Mundial, 15% do governo estadual e 10% da própria comunidade. O programa começou a ser implementado no estado nos anos 80 e foi sendo aperfeiçoado ao longo dos anos. Desde o começo ele tem o auxílio do Banco Mundial. O Marrocos, assim como o Brasil, é um país que tem parte do seu Produto Interno Bruto atrelado à produção agrícola e por isso tem uma vasta comunidade rural. A agricultura ocupa 40% da força de trabalho do país.
A delegação marroquina foi chefiada pelo secretário de estado de Desenvolvimento Territorial do país, Abdeslam Al Mesbahi. Também a integraram governadores de províncias, prefeitos, representantes de órgãos do governo, conselheiros de ministérios. No total 17 pessoas do país árabe estiveram no Rio Grande do Norte, além dos quatro consultores, do Banco Mundial e da ONU.
Na última semana o Rio Grande do Norte assinou o acordo para receber mais recursos do Banco Mundial para o programa. A governadora Wilma de Faria esteve em Brasília na sexta-feira para isso. O banco vai destinar US$ 22,5 milhões. A comunidade e o governo disponibilizarão mais US$ 7,5 milhões, gerando um total de US$ 30 milhões para as ações. O dinheiro servirá para financiar 1.643 iniciativas, com as quais estarão envolvidas 51.500 famílias de 165 municípios do estado.

