Isaura Daniel
São Paulo – O Marrocos está aumentando as importações de tratores do Brasil. As vendas feitas por fábricas brasileiras do setor ao país árabe praticamente dobraram em abril em relação ao mesmo mês de 2005. O mesmo movimento ocorreu no período de janeiro a abril em comparação ao primeiro quadrimestre do ano passado. As exportações saíram de US$ US$ 1,41 milhão em abril de 2005 para US$ 2,77 milhões no último mês e de US$ 3 milhões nos primeiros quatro meses do ano passado para US$ 6 milhões neste ano.
Nestes números estão inclusas as vendas da John Deere, multinacional que fabrica colheitadeiras, equipamentos agrícolas e tratores, que tem sede no Brasil. As exportações da companhia ao país árabe cresceram 173% nos primeiros quatro meses deste ano em comparação ao mesmo período do ano passado, de acordo com informações do supervisor de Marketing de Exportação da empresa, Romário Saraiva. A fábrica de tratores da empresa fica na cidade de Horizontina, no Rio Grande do Sul.
"A África está vendo que pode produzir alimentos e quer plantar e colher com qualidade, está buscando tecnologia. Os fornecedores locais não têm equipamentos de alta qualidade que atenda as necessidades locais. Por isso está buscando em países de outras regiões", explica. A John Deere é uma das referências mundiais na produção de tratores. O Marrocos fica no Noroeste da África e tem forte atuação no setor agrícola. Em janeiro entrou em vigor um acordo de comércio do país com os Estados Unidos que reduziu em 80% as tarifas externas de produtos agrícolas como legumes e frutas e zerou as de outros, como flores.
Agora o Marrocos discute também um acordo de livre comércio de produtos agrícolas com a União Européia, segundo notícias publicadas na agência de notícias Maghreb Arabe Presse. O país vem aumentando suas exportações em alguns segmentos agrícolas. Em março deste ano, por exemplo, as vendas externas de frutas e verduras do país árabe cresceram 26% em relação ao mesmo mês de 2005. O Marrocos também investe no desenvolvimento da área rural. Neste mês, o Banco Mundial anunciou que vai emprestar US$ 60 milhões ao país para melhorar a infra-estrutura do campo.
A agricultura responde por 21,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do Marrocos, que é de US$ 51,5 bilhões, e emprega 40% da população economicamente ativa, formada por 11,19 milhões de trabalhadores. Vivem no país árabe 30 milhões de pessoas. O agronegócio do país é baseado na produção de cevada, trigo, pescado, frutas, verduras e azeitona, e na criação de bovinos. Destes produtos, os mais exportados são peixes, frutas e verduras.
Tratores
O Marrocos foi o maior importador de tratores do Brasil entre os países árabes no mês de abril. Depois dele, o país que mais comprou os veículos foi a Tunísia. Os tunisianos gastaram US$ 2,2 milhões com tratores fabricados em mercado brasileiro. O Iraque importou US$ 982 mil e o Sudão US$ 896 mil. De janeiro a abril, o Marrocos também foi o maior importador, seguido do Sudão, que comprou US$ 2,6 milhões em tratores. O Sudão é um país africano que está em franco crescimento, em função da descoberta de petróleo, e está investindo também no desenvolvimento da área agrícola.