São Paulo – O governo do Marrocos quer promover uma missão comercial ao Brasil no primeiro trimestre do próximo ano chefiada pelo ministro da Economia e Finanças, Salaheddine Mezouar. A assunto foi discutido ontem, em Rabat, durante reunião entre os chanceleres do Brasil, Celso Amorim, e do Marrocos, Taieb Fassi Fihri. Amorim faz um tour diplomático pelo Norte da África, que começou na Argélia e termina hoje na Tunísia.
O aprofundamento das relações econômicas foi um dos principais temas do encontro. A idéia é trazer ao Brasil empresários marroquinos para explorar as oportunidades de comércio e investimentos recíprocos. Os setores contemplados ainda serão definidos.
Na avaliação dos diplomatas, embora as relações comerciais já tenham uma força considerável e estejam em crescimento, ainda há muito para ser explorado. A corrente comercial entre os dois países chegou a quase US$ 1 bilhão em 2007, e de janeiro a maio deste ano somou US$ 645,3 milhões, com US$ 197,6 milhões em exportações brasileiras e US$ 447,7 milhões em importações de produtos marroquinos, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O Brasil vende ao Marrocos principalmente açúcar, cereais, veículos e autopeças, soja, madeira, óleo de soja, máquinas e peças, fumo, produtos de limpeza e plásticos, e compra fertilizantes, produtos químicos inorgânicos, naftas, fosfato de cálcio, material elétrico e sardinhas.
Para os ministros, é preciso explorar as complementaridades das duas economias. Um exemplo disso é que o Brasil está para se tornar exportador líquido de combustíveis, com a produção de etanol e biodiesel e as descobertas de petróleo que têm sido feitas no litoral do país, mas ao mesmo tempo é grande importador de fertilizantes. Já o Marrocos é deficitário na balança energética, porém, rico na produção e exportação de fertilizantes.
Acordo rápido
Ainda na seara econômica, os dois chanceleres, de acordo com o Itamaraty, querem que o acordo comercial negociado entre o Mercosul e o Marrocos seja assinado o quanto antes, se possível até o final do ano. A idéia é ter um tratado de preferências tarifárias fixas, para depois evoluir até um acordo de livre comércio. É provável que a próxima rodada de negociação ocorra entre agosto e setembro.
Os ministros, que encerraram a reunião da Comissão Mista Bilateral Brasil-Marrocos, assinaram ainda oito acordos de cooperação nas áreas sanitária, ambiental, de construção civil, de formação profissional para deficientes, têxtil, de formação profissional para construção civil e de formação profissional em informática.
ONU
Também ontem, conforme a ANBA antecipou, o chanceler marroquino manifestou apoio à pretensão do Brasil de ter um assento permanente no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU).
“O Marrocos considera legítima a aspiração do Brasil de ser membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. Isso se traduzirá num apoio firme do Marrocos à candidatura do Brasil quando a reforma [do CS] ocorrer”, disse Fassi Fihri, segundo informações do Itamaraty.
“Quanto mais os países do Sul falam entre si, mais os países do Norte nos escutam”, afirmou Amorim a Fassi Fihri, de acordo com o Itamaraty. Os dois ministros reafirmaram a importância do aprofundamento da chamada cooperação Sul-Sul, entre os países em desenvolvimento.