São Paulo – A inspiração no Marrocos foi traduzida em peças de joalheria na nova coleção de Vitória Garcia. A paranaense de 29 anos se mudou da cidade de Londrina para São Paulo há dois anos e meio, e iniciou a marca em sua cidade natal há cinco anos. “Sinto que foi aqui em São Paulo que a marca realmente se estruturou e se profissionalizou. Aqui, as coisas acontecem em outro ritmo”, disse Vitória à ANBA.
No Paraná era ela quem fazia tudo, desde a produção das peças até gestão e vendas. Agora, ela tem uma pequena equipe e terceiriza algumas partes da produção das peças, mas continua produzindo as peças piloto.
As vendas ao exterior, por enquanto, foram pontuais. Mas Vitória está de olho no mercado externo e pretende exportar suas peças, inclusive para o Marrocos. “O principal ainda é o mercado interno, mas tenho vontade de exportar. Acho que lá fora as pessoas têm uma abertura muito grande para o que é novo, valorizam mais o trabalho manual que tenha uma identidade autêntica”, disse.
No Brasil, os principais polos de vendas são São Paulo e Paraná, mas Vitória já vendeu peças no Rio de Janeiro, em Brasília e em alguns estados do Nordeste do País.
A coleção Odisseia, inspirada no Marrocos, foi lançada em 01 de agosto. A joalheira formada em Moda contou que desde muito nova sentia uma grande afinidade pelo país árabe. “E sentia até mesmo um certo chamado para conhecer um pouco mais a cultura do Marrocos”, disse.
No final de 2021, ela teve a oportunidade de passar cinco dias no país, entre Marrakech e Casablanca. “Desde o momento em que pisei lá foi algo transformador. Foi um convite pra ressignificar várias coisas dentro de mim. Admiro a cultura e as tradições deles, que eles conseguem manter”, disse.
“Marrocos é um lugar inspirador por si só e pude tirar inspirações de diversos elementos. Os costumes lá são muito preservados e isso me encantou. A tecnologia não massacrou os costumes, a cultura real do país”, disse.
A beleza do artesanato marroquino também chamou a atenção de Vitória. “Sempre gostei muito de artesanato e ver de perto a manufatura tão rica, tanto talento, foi inspirador. Brinco que essa coleção é uma leitura contemporânea dessa visita”, contou.
Vitória contou que a coleção inspirada no Marrocos terá outros dois ou três lançamentos. O próximo será em 28 de setembro. “É para ter sempre uma novidade”, explicou. “Quis trazer essa coleção como uma forma de incentivo para as pessoas conhecerem o Marrocos, é muito fácil ir para lá, é muito perto da Europa”, disse.
“Gosto de lugares que me chocam de alguma forma e me fazem repensar minha vida e olhar o mundo lá fora com outros olhos, e o Marrocos é o lugar perfeito para você fazer essa reforma íntima. Fiquei encantada pelo país e pela cultura berbere”, declarou.
Vitória ficou a maior parte de sua viagem em Marrakech e foi a Casablanca para pegar o voo de volta. “Marrakech é surreal porque te oferece um pouco de tudo, a mesquita, o souk, as tradições do Marrocos conversam muito com as tradições do Brasil, a forma do comércio, o calor humano, o acolhimento das pessoas, sem contar as construções, a riqueza da arquitetura, os palácios; a vegetação também foi muito inspiradora para mim, com diversas espécies de cactos. Marrocos é inspirador em todos os detalhes, basta estar com olhar atento e apurado”, disse. Algumas peças terão um tipo de cacto criado por Vitória, inspirado nos cactos marroquinos.
A coleção Odisseia foi a mais transgressora que Vitória já produziu, e as peças do primeiro lançamento são as mais comerciais, segundo ela. Os próximos lançamentos contarão com joia bucal, ear cuffs, joia para as mãos, entre outras peças.
“Além de inovações de produção, estou explorando texturas, banhos, ficou superelegante esse fosco jateado [do colar], remeteu bastante ao Marrocos. Estou apaixonada pela coleção, pelo material, a campanha que fizemos traduziu exatamente o que eu queria, esse Marrocos contemporâneo, autêntico, que tem força, beleza”, disse.
Vitória Garcia disse ter tomado o máximo de cuidado para não se apropriar de uma cultura que não é dela, mas sim homenagear essa cultura com seu olhar contemporâneo e elementos, objetos e símbolos sutis. “Fiquei muito feliz com o resultado, achei que ficou a minha leitura, a minha perspectiva”, disse.
A joalheira disse que quer voltar a visitar o Marrocos e conhecer outros países árabes. “Penso em conectar meu trabalho com os países árabes e vender para fora sim, e o ramo da joalheria nesses países é muito forte, quero poder fazer esses contatos para expandir e levar a marca a um alcance maior que eu puder”, disse.
A marca ainda não tem uma loja física, mas tem um ateliê em São Paulo. “O meu principal foco de venda é online e futuramente pretendo vender em lojas multimarcas. É importante ter um ponto físico para as pessoas poderem ver as peças, sentirem”, disse. Vitória também dá aulas de joalheria. Ela é professora de ourivesaria.
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