Isaura Daniel
São Paulo – Nos sites de turismo e agências de viagens, o Marrocos é descrito como o país tema do célebre filme Casablanca, do deserto do Saara, das praças lotadas por vendedores de tapetes, malabaristas e mágicos. Um olhar mais atento à nação africana, porém, mostra que por trás das belas paisagens e do ar milenar conferido pelas construções históricas, existe uma economia em plena ascensão.
Apesar da abundância de elementos naturais e históricos, os marroquinos não se contentam em viver da renda do turismo. Cerca de 35,5% da economia local está baseada no setor industrial. O Marrocos mantém uma estruturada indústria têxtil e alimentícia e um grande número de empresas das áreas de metalurgia, química e artigos de couro.
Os marroquinos são os maiores exportadores mundiais de fosfato e produzem também outros tipos de minerais, como ferro, cobre, zinco, magnésio e cobalto. Há várias empresas trabalhando com exploração e o processamento de minérios no país.
A agricultura responde por 22,9% da economia marroquina. O país mantém produção de centeio, trigo, frutas cítricas, verduras, azeitonas e criação de animais. No setor primário, porém, é a pesca que se destaca. O país é o maior exportador mundial de sardinhas e responde por 47% da produção global. Parte dos pescados são vendidos in natura e parte usada para extração de óleo e fabricação de enlatados. O setor agrícola gera 45% dos empregos do país.
Com 30,5 milhões de habitantes e Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 47,8 bilhões, os marroquinos têm uma renda per capita de US$ 1,5 mil. O país está inserido de maneira ativa no comércio mundial. Tanto que integra a União Africana, a União do Magreb, a Organização Mundial do Comércio (OMC) e Liga dos Países Árabes.
A França é, além de maior importador de artigos marroquinos e maior fornecedor internacional, também o maior credor e investidor estrangeiro. No ano passado, o Marrocos recebeu US$ 3,07 bilhões em investimentos estrangeiros, de acordo com dados do Departamento de Investimentos do país. Os europeus responderam por 91% deste valor, que é 249% maior do que o recebido no ano anterior.
Também no comércio internacional os europeus são os maiores parceiros do Marrocos. A soma entre importações e exportações do país alcançou US$ 21,2 bilhões no ano passado. Os marroquinos gastaram com importações US$ 12,7 bilhões e faturaram US$ 8,4 bilhões com exportações. A França comprou 26,3% dos produtos exportados pelo país africano, a Espanha 16,6%, o Reino Unido 7,1%, a Alemanha 5,2% e a Itália 4,9%. Entre os fornecedores internacionais, também a França figura no topo da lista, com 21,1% das vendas, seguida de Espanha, Itália, Alemanha, China e Arábia Saudita.
O Marrocos importa petróleo, produtos têxteis, equipamentos de telecomunicações, trigo, gás e eletricidade, transistores e plásticos e exporta roupas, peixes, produtos químicos e de petróleo, minerais, fertilizantes, frutas e verduras.
O céu que os protege
O mesmo solo que produz frutas e verduras no Marrocos abriga belezas naturais que atraem milhares de turistas todos os anos. Boa parte, aliás, dos investimentos estrangeiros que entram no país são direcionados ao turismo. O setor de serviços responde por 41,5% da economia do país. Hoje, entram no país cerca de 4,2 milhões de turistas ao ano. Os planos do governo do Marrocos, porém, são mais audaciosos. O governo do rei Mohammed VI quer levar para o país 10 milhões de turistas ao ano até 2010. Para isso serão investidos US$ 10 bilhões, dos quais US$ 4,4 bilhões no setor hoteleiro.
Marrocos é conhecido internacionalmente pelo turismo. Além de ter metade do seu território situado no deserto Saara, o país africano possui 1.100 quilômetros de litoral dividido entre o oceano Atlântico e o Mar Mediterrâneo. Ali, banhada pelo Atlântico está Casablanca, cidade que passou a habitar o imaginário mundial depois que foi tema do filme estrelado por Humphey Bogart e Ingrid Bergman, em 1942. Assim como na capital Rabat, as casas, em Casablanca, são predominantemente brancas.
Apesar do romantismo ao qual remete Casablanca, a cidade, capital econômica do país, é portuária e industrial. Rabat é a capital oficial do Marrocos. Tânger, assim como Meknes e Marrakech, são importantes cidades turísticas marroquinas. Com 16 quilômetros de belas praias, Tânger atrai intelectuais e artistas do mundo inteiro. O norte-americano Paul Bowles escreveu o livro "O Céu que Nos Protege", que virou filme, depois de ter vivido por vários anos na cidade.
Outra atração turística, no país, são as históricas muralhas construídas ao redor das cidades. Por separar dois mares e ser vizinho da Europa, o Marrocos foi alvo de diversas invasões em séculos passados, o que fez os habitantes protegerem suas cidades com muros. Meknes, por exemplo, ainda mantém uma muralha com 25 quilômetros de extensão e 15 de altura ao seu redor, motivo de curiosidade para os turistas.
O Marrocos fica no extremo noroeste da África e faz fronteira com o Saara Ocidental e a Argélia. O idioma oficial é o árabe, mas berbere, francês e espanhol são falados no país. Quase a totalidade da população é de religião islâmica. O sistema de governo é a monarquia parlamentarista.

