São Paulo – O Marrocos quer aumentar as relações comerciais com o Brasil e irá realizar o seminário “Marrocos: parceiro estratégico para o Brasil” com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em abril, para apresentar aos empresários quais são as oportunidades que os dois países podem explorar. Além disso, uma missão empresarial deverá visitar o país do Norte da África. Segundo o diretor-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, a viagem deve ser realizada em novembro.
De acordo com o encarregado de negócios da embaixada marroquina em Brasília, Abdeslam Maleh, o seminário vai mostrar aos brasileiros que o país árabe pode ser mais do que um destino de exportações. O Brasil é o terceiro maior parceiro comercial do Marrocos, atrás de França e Espanha. O diplomata visitou a Câmara Árabe nesta segunda-feira (11), ao lado do cônsul honorário do Marrocos em São Paulo, Hilton Antonio Peña.
“O Marrocos é um ‘hub’ (polo de distribuição) para a África, o Oriente Médio e a Europa e pode oferecer ao Brasil uma plataforma de exportações para diversos mercados. O Brasil poderia aproveitar as zonas francas do Marrocos, como a do Porto de Tanger, para reduzir custos e aumentar sua competitividade industrial em mercados que são importantes ao País”, disse Maleh.
A busca pelo aumento da relação comercial com o Brasil, diz Maleh, é uma tentativa do Marrocos de depender menos das compras e vendas da Europa. “Nosso comércio é concentrado na Europa e, com a conjuntura econômica atual, o país precisa enfrentar a crise e buscar novos parceiros. Os países emergentes podem, neste momento, criar uma rede de parcerias que pode ter influência no sistema internacional de comércio”, disse.
Maleh afirmou que o Marrocos tem acordos comerciais com muitos mercados grandes, como os Estados Unidos, a União Europeia e a Turquia, e que o Brasil pode se beneficiar destes acordos se tiver empresas no Marrocos. Entre os setores que podem ser envolvidos na parceria estão autopeças, carnes, sucos de frutas, químicos e fármacos, peças para aeronaves e tecnologia da informação.
Por outro lado, as empresas marroquinas podem ampliar as exportações não apenas para o Brasil, mas para a América Latina. O país é o principal fornecedor de fertilizantes ao mercado brasileiro e a OCP, estatal marroquina do setor, tem 50% de uma fábrica no Rio Grande do Sul. Na última semana, a empresa anunciou a abertura também de uma distribuidora no Brasil.
“Além de abastecer o Brasil [com fertilizantes], o Marrocos pode abastecer a América Latina com fornecimento e preços regulares. O Brasil também pode cooperar no combate à fome e com a segurança alimentar”, disse. Na avaliação de Maleh, as relações comerciais entre o Brasil e o Marrocos são “complementares”, pois o Brasil é um grande exportador de commodities agrícolas, mas precisa de uma grande quantidade de fertilizantes, que importa do Marrocos.
De acordo com informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a corrente comercial entre Brasil e Marrocos foi de US$ 2,1 bilhões em 2012. Desse total, o Brasil exportou US$ 872,3 milhões, 7% a mais do que em 2011, e importou US$ 1,2 bilhão, alta de 6,8%. Os principais produtos exportados pelo Brasil foram açúcar e cereais. Fertilizantes foram os responsáveis por mais da metade das importações no período.
“O Brasil e o Marrocos têm uma relação secular e com perspectivas muito promissoras. Temos convergência na política internacional, há apoio recíproco entre os países. Temos que transpor essa convergência para a área comercial”, disse o encarregado de negócios.