Rio de Janeiro – Enquanto em alguns países do Norte da África o investimento em energias alternativas ainda é projeto, no Marrocos ele é realidade. O país gera eletricidade a partir do vento e do sol. De acordo com o ministro das Minas, Energia, Água e Meio Ambiente do Marrocos, Fouad Douri, a meta é que 25% da matriz energética produzida ali seja proveniente de fontes renováveis até 2020. O objetivo é ambicioso, uma vez que há três anos os marroquinos falavam em 15%.
“Precisamos renovar nossas fontes de energia e chegar a um nível elevado de estudos e execuções de projetos em energia renovável. Isso é economicamente importante e fundamental para a sociedade, e é esta forma de energia que teremos de ter no futuro”, disse Douri, após participar do seminário “Energia verde no Marrocos”, um dos eventos paralelos à Rio+20, nesta quinta-feira (21), na capital fluminense.
Pelo menos cinco novos projetos de parques eólicos existem no Marrocos. Juntos, deverão produzir 850 megawatts de energia. Uma cidade de 1,3 milhão de habitantes demanda, em média, 230 MW. Até 2020, o país pretende gerar 2.000 MW de energia através do vento.
Como o Marrocos tem áreas desertas, o que lhe garante muitas horas de sol, tem projetos também nessa área. Em julho de 2011, a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) concedeu um financiamento de 100 milhões de euros para que a Agência Marroquina de Energia Solar comece a implantar o plano de gerar outros 2.000 MW de energia a partir do sol até 2020.
Os marroquinos já contam com uma usina termo-solar, que gera energia a partir de gás natural e painéis solares em Aïn Béni Mathar. Dos 420 MW produzidos pela planta, aproximadamente 20% vêm do sol.
Além de investir em energias alternativas, o Marrocos ampliou o acesso da população rural à energia elétrica e a participação da sociedade nas discussões dos projetos ambientais. Em 1990, o país tinha 40 organizações não governamentais (ONGs) dedicadas a discutir propostas para preservar o meio ambiente. Dez anos depois, eram 2 mil, de acordo com o ministério. Pequenas mudanças na constituição foram feitas para permitir o acesso a fontes de financiamento.
O investimento no uso sustentável dos recursos naturais tem outra razão no Marrocos além da preservação do meio ambiente: o país é importador de petróleo e quer reduzir sua dependência da matéria-prima. Assim, fica menos suscetível à variação do preços das commodities e das instabilidades provocadas por problemas políticos nos países que lhe fornecem o produto.
Mauritânia
A Mauritânia também começa a fazer projetos de geração de energia por meio do sol, do vento e da água. O país, contudo, ainda precisa obter dinheiro para executar os projetos “verdes”. De acordo com o assessor técnico em desenvolvimento sustentável do Ministério Delegado do Meio Ambiente, Sidaty Dah R`hill, a Mauritânia começou a explorar seu petróleo há poucos anos e pretende utilizar os recursos do produto para investir em projetos de energia sustentável.
“Já temos alguns projetos em energias renováveis e pretendemos financiá-los a partir da renda que conseguirmos obter com o petróleo”, disse. R’hill afirmou que o país pretende obter linhas de financiamento internacional para financiar os projetos “verdes” e afirmou que a Mauritânia poderia ser beneficiada se tivesse sido aprovada a proposta do G77, feita na Rio+20, de criar um fundo de US$ 30 bilhões para apoiar projetos de energia limpa em nações em desenvolvimento.

