São Paulo – O Marrocos vai adotar um regime de câmbio flutuante em substituição ao sistema de câmbio fixo utilizado atualmente. A data de entrada em vigor da mudança será anunciada até o final deste mês, segundo informações publicadas pela agência de notícias Maghreb Arabe Presse (MAP).
Esta semana, o presidente do Bank Al Maghrib, o banco central do país, Abdellatif Jouahri, disse que a medida serve de apoio às reformas em implementação pelo Marrocos, principalmente no que diz respeito à produtividade e à competitividade, e permitirá enfrentar choques externos sem afetar as reservas cambiais.
“Nós adiamos o lançamento desta reforma em seis meses para melhor preparar os operadores [deste mercado]”, disse Jouahri, de acordo com a MAP. Ele acrescentou que a autoridade monetária se reuniu com representantes do setor bancário, de instituições públicas e privadas, de universidades e de casas de câmbio para tratar do tema.
Há preocupação no país com a possibilidade de uma forte desvalorização do dirham marroquino após a liberalização do regime. No final do ano passado, o Egito adotou câmbio flutuante e logo a libra egípcia teve uma desvalorização significativa, mas em seguida houve uma retomada dos investimentos estrangeiros e a recomposição das reservas internacionais.
O cenário macroeconômico do Marrocos, porém, é bem mais sólido do que o do Egito. Segundo Jouahri, a adoção do câmbio flutuante “ocorre numa conjuntura favorável e após a garantia de todos os pré-requisitos para a implementação deste sistema, notadamente a sustentabilidade fiscal, um nível aceitável de déficit orçamentário e de endividamento, reservas cambiais adequadas e controle da inflação”.
“Aqueles que hoje especulam sobre uma desvalorização do dirham com a proximidade da adoção da flexibilização do regime de câmbio estão calculando mal”, afirmou o presidente do Bank Al Maghrib, segundo a MAP. “Nós permaneceremos atrelados no início a uma cesta 60% euro e 40% dólar, e vamos alargar a banda gradualmente a fim de evitar um desalinhamento do dirham”, acrescentou.
Ele disse ainda que a mudança é voluntária, gradual e progressiva, e que ocorre após uma opção pela globalização e de uma estratégia exterior dirigida principalmente ao continente africano.
O porta-voz do governo marroquino, Mustapha Khalfi, acrescentou que as preocupações com o novo regime de câmbio são “legítimas”, mas ele garantiu que serão adotadas “medidas de precaução necessárias, como a implementação de um sistema de vigilância, acompanhamento e apoio”.


