São Paulo – A empresa produtora de fertilizantes OCP, do Marrocos, planeja expandir sua estrutura no Brasil com a abertura de quatro novos locais de armazenagem no próximo ano. Segundo entrevista à ANBA do CEO da OCP do Brasil, Olavio Takenaka (dir., na foto), serão inaugurados armazéns em Goiás, Minas Gerais, Pará e Santa Catarina em 2020. Takenaka participou nesta quarta-feira (13) do Fórum Brasil África, no qual o vice-presidente sênior da OCP para o Leste da África, Fayçal Benameuri (esq., na foto), foi painelista.
A OCP está presente no Brasil desde 2010 e tem filiais em Paranaguá (Paraná), Rio Grande e Itaqui (Rio Grande do Sul), Rondonópolis (Mato Grosso) e Aratu (Bahia), e dois escritórios na capital paulista. Os armazéns recebem o fosfato importado do Marrocos e deles o produto chega aos clientes da empresa, que são misturadores e distribuidores de fertilizantes. Além das unidades que serão abertas em 2020, a empresa deve inaugurar outras em 2021, segundo Takenaka.
A empresa internaliza o produto para driblar custos altos e problemas nos portos. “A gente internaliza tudo para o nosso cliente ter nossos produtos just in time do lado da fábrica dele”, afirmou Takenaka. Todo o fosfato que a OCP comercializa no Brasil é importado do Marrocos. “Temos linha de mais de 50 produtos diferentes, mas todos baseados em fosfato”, explica o CEO da OCP do Brasil.
A OCP é o maior fornecedor de fósforo do Brasil, com 40% de participação nas importações brasileiras, segundo Takenaka. O grupo tem a maior reserva de fosfato do mundo, suficiente para 500 anos de uso, e vem investindo para aumentar a produção no Marrocos e assim atender as demandas ao redor do globo.
O grupo marroquino tem investimentos em uma empresa brasileira de fertilizantes, a Heringer, que está em recuperação judicial, mas Takenaka não fala sobre novas possíveis compras de ativos no Brasil. Na Heringer a participação é de 10%. Segundo o CEO, a OCP tem plano grande de investimentos no Marrocos, de mais de US$ 20 bilhões. “Para aumentar a produção no Marrocos e poder suprir o mundo”, afirma.
Takenaka afirma que o Brasil depende de fertilizantes em função do solo pobre que possui e que esse fornecimento sustenta a plataforma de exportação do agronegócio, atualmente em US$ 100 bilhões ao ano. “Sem fertilizantes, (o Brasil) não teria esse protagonismo, essa pujança”, afirma. “Nós temos o solo, temos água, o sol que é abundante nos trópicos mais que no Hemisfério Norte, nós temos tecnologia, um sistema de produção avançadíssimo para o mundo, mas nosso solo é pobre”, afirma.
De acordo com Takenaka, a OCP pretende estar presente em todos os estados brasileiros significativos para a agricultura, pecuária e fertilizantes líquidos, para comercializar produtos para fertilizantes, para alimentação animal de frangos, porcos e gado. “O Brasil tem sido um dos grandes em crescimento no consumo de fertilizantes no mundo por décadas, e vai continuar a ser”, afirmou o CEO.
Dados divulgados pela área de Relações com o Investidor do site do grupo OCP mostram que a companhia teve receita global de US$ 2,87 bilhões no primeiro semestre deste ano, acima dos US$ 2,86 bilhões no mesmo período de 2018. A demanda geral permaneceu saudável, segundo o relatório financeiro. O lucro bruto ficou em US$ 1,85 bilhão, contra US$ 1,83 bilhão na mesma comparação, refletindo aumento de receita e queda no preço de matérias-primas.