São Paulo – O escritor e cineasta marroquino Abdellah Taïa é um dos autores estrangeiros convidados para a 13ª Bienal Internacional do Livro do Ceará, que ocorre entre 16 e 25 de agosto deste ano no Centro de Eventos do Ceará, na capital Fortaleza. Taïa, que nasceu no Marrocos e vive na França, publicou oito romances, a maioria autobiográficos, e é conhecido como o primeiro escritor árabe a assumir publicamente sua homossexualidade, há 13 anos.
De acordo com a coordenadora da bienal, Goreth Albuquerque, o convite a Taïa foi proposta da curadoria do evento, formada por Ana Miranda, Inês Pinheiro e Carlos Vasconcelos. Segundo Goreth, uma das preocupações da bienal é ter uma diversidade de narrativa e o marroquino traz isso, além de qualidade de texto literário e um discurso interessante.
Taïa tem publicado no Brasil, pela Editora Nós, o livro “Aquele que é digno de ser amado”. A obra é feita de cartas do personagem Ahmed, um homossexual marroquino residente em Paris, para a mãe já morta, o amante com quem partiu do Marrocos para a França, outro amante do passado e um amigo de infância. Os assuntos são a homossexualidade, a relação com a mãe, os vínculos com o Marrocos e a identidade árabe na sociedade francesa.
O tema da bienal, que é “As Cidades e Os Livros”, tem relação com o perfil do marroquino, que vive e escreve fora da sua terra natal. “A literatura dele dialoga com essa temática, fala sobre estar fora do seu lugar, mas com sua cultura presente, fala sobre o lugar da imigração”, afirmou Goreth por telefone para a ANBA. O conceito de “cidades” na bienal vai além do centro urbano e se refere também ao lugar pessoal, formador da geografia pessoal, segundo a coordenadora.
Na bienal, Taïa deve participar de uma mesa de discussão, que terá ainda outro autor e um mediador e abordará o tema das cidades. Também está prevista a participação do marroquino na Bienal fora da Bienal, iniciativa pela qual o evento é levado ao interior e outros locais da cidade. Goreth acredita que seria muito interessante, nesta ação, o diálogo de Taïa com grupos jovens de periferia. “Ele é ainda muito jovem e a narrativa dele é muito contemporânea, dialoga muito com as questões de identidade e juventude”, diz ela.
A agenda da bienal ainda não está toda definida e tampouco os dias exatos em que o escritor marroquino estará no Ceará. Mas os autores internacionais convidados, além de participar de mesas redondas e da Bienal fora da Bienal, costumam ter contato com o público e são chamados para outras atividades, segundo as demandas dos vários espaços de discussão e exposição do evento, como os clubes de leitura.
A Bienal Internacional do Livro do Ceará recebeu, nas suas duas últimas edições, cerca de 55 mil visitantes ao dia. O evento reúne, além do público intelectual, formado por escritores, editoras e professores, grande número de estudantes. Serão dez dias com exposição, palestras, mesas redondas, conferências, contação de histórias, lançamentos de livros e apresentações de artistas.
Em vez de escritores, a bienal vai homenagear livros: “Terra Sonâmbula”, de Mia Couto, “Lavoura Arcaica”, de Raduan Nassar, e “Casa”, de Natércia Campos. Está confirmada a presença de autores como Frei Betto, Luciana Villas-Bôas, Marco Lucchesi, Mia Couto, Socorro Acioli, Antônio Torres, Chico Alvim, Descartes Gadelha, Fausto Nilo, Raduan Nassar, entre outros. Nassar tem ascendência árabe.
Quem promove a bienal é o governo do estado do Ceará, por meio da Secretaria de Cultura, em parceria com o Instituto Dragão do Mar e apoio do Ministério da Cidadania, por meio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. A entrada é gratuita.
Serviço:
13ª Bienal Internacional do Livro do Ceará
De 16 a 25 de agosto de 2019
Centro de Eventos do Ceará
Avenida Washington Soares, 999 – Fortaleza – CE
Entrada gratuita
Mais informações na Secult