Argel – Os países do Norte da África têm em comum uma política de atração de investimentos e parcerias internacionais que impliquem na transferência de tecnologias para auxiliar no desenvolvimento de suas economias. Do Brasil, por exemplo, eles têm interesse em know-how no setor agropecuário e em diferentes ramos da indústria.
Algumas empresas brasileiras e órgãos do governo já atuam em cooperação com parceiros locais. Mas, mais do que técnicas de plantio e capacitação industrial, o Brasil está exportando um tipo de serviço que lhe é bastante peculiar: a funilaria. Hoje cerca de 40 funileiros brasileiros estão em Argel contratados pela montadora de automóveis Renault.
Mas não se tratam de funileiros comuns, são profissionais especializados numa técnica que ficou conhecida como "martelinho de ouro", que consiste no reparo minucioso de pequenas avarias na lataria, deixando-a como nova.
Eles foram contratados para reparar cerca de 4 mil carros zero quilômetro que estão em um pátio da empresa em Argel. Uma chuva de granizo ocorrida recentemente causou pequenas depressões nas carrocerias dos veículos, que precisam ser eliminadas antes deles serem colocado à venda.
Além dos brasileiros, há italianos, espanhóis e argentinos. Mas, segundo relato de um dos integrantes da equipe, os brasileiros são mais eficientes. No mesmo tempo em que consertam de três a quatro carros, um europeu consegue reparar apenas um.
Na terça-feira (27), cerca de 2,5 mil carros ainda precisavam ser consertados, o que deve levar mais algumas semanas. Mas, de acordo com o mesmo funileiro, o longo tempo passado longe de casa vale à pena, pois é possível ganhar algo entre 35 mil e 40 mil euros numa temporada como essa.

