Isaura Daniel*
São Paulo – A Mauritânia, nação árabe que fica no Noroeste da África, começou a produzir petróleo. O país iniciou na última semana as operações para a extração da commodity no município de Chinguitti, onde existem reservas de 120 milhões de barris. De acordo com comunicado do governo da Mauritânia, inicialmente serão produzidos 75 mil barris de petróleo por dia. As informações são da agência de notícias africana Panapress.
O campo de Chinguitti fica a 65 quilômetros de Nuakchott, a capital do país, no Oceano Atlântico. A exploração é liderada pela empresa australiana Woodside Petroleum, da Austrália, que tem como parcerias na operação as também australianas Hardman Resource e Roc Oil e as britânicas BG Group e Premier Oil. O projeto vai demandar investimentos de US$ 530 milhões, segundo informações publicadas em agências internacionais.
A Sociedade Mauritana de Hidrocarbonetos (SMH) espera que as exportações de petróleo gerem receita anual de US$ 200 milhões para o país. Elas devem iniciar já no final do mês de março. "Eles vão ter excedente para exportar porque o consumo interno de petróleo é de 25 mil barris por dia", diz o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby. A procura por petróleo começou no país em 2001, a 80 quilômetros da costa, e a descoberta do campo de Chinguitti ocorreu no ano seguinte. A exploração, porém, começou apenas agora. Há na Mauritânia reservas estimadas de um bilhão de barris.
De acordo Alaby, o fato pode representar uma oportunidade para empresas brasileiras, como a petrolífera Petrobras, e também para as companhias que trabalham com vendas de equipamentos para exploração e produção da commodity. "As empresas brasileiras já têm experiência na exploração em águas profundas", lembra o secretário-geral.
O país também deve ter um aumento de renda em função do petróleo, o que pode favorecer as exportações brasileiras. De acordo com projeções feitas pelo ministro de Comércio Exterior da Mauritânia, Mohamed Ould Abed, o crescimento anual do país deve passar da casa dos 5,5%, percentual obtido em 2005, para 20,3% em função da produção de petróleo. No ano passado, o Brasil exportou apenas US$ 43,6 milhões para o país árabe. O volume é pequeno, mas significa 3,% do total importado pela Mauritânia em 2005: US$ 1,2 bilhão.
A exploração de petróleo deve ajudar a reduzir também a pobreza ma Mauritânia. O país tem três milhões de habitantes e 40% deles estão abaixo da linha de pobreza. A taxa de desemprego local é de 20% e a expectativa de vida é de 52 anos. Entre as 790 mil pessoas que formam a população economicamente ativa, metade trabalha com agricultura. O Produto Interno Bruto (PIB) da Mauritânia, que é de US$ 6 bilhões, tem 25% do seu total atrelado à agricultura e à pecuária, 29% à indústria e 46% ao setor de serviços.
A Mauritânia produz tâmaras, soja, arroz, milho, gado e carneiro, no setor agrícola e pecuário. Já a indústria é voltada principalmente para o processamento de pescado, minério de ferro e gesso. O minério de ferro representa cerca de 40% das exportações, que no ano passado ficaram em US$ 850 milhões. Os principais compradores da Mauritânia, no exterior, são Japão, França e Espanha. Já os principais fornecedores são França, com 15%, seguida de Estados Unidos e China.
Da África
A Mauritânia faz divisa com o Senegal, Mali e Argélia. Quase dois terços do território do país é formado pelo deserto do Saara. O país tem 654 quilômetros de costa e um clima quente, que varia do úmido ao desértico. Os recursos naturais da Mauritânia são minérios, gesso, cobre, fosfato, diamantes, ouro, petróleo e pescado. A grande maioria da população segue a religião islâmica.
*com agências internacionais

