São Paulo – A Mauritânia quer se colocar como um hub de exportação para os produtos brasileiros na África. O país tem importantes parcerias comerciais com nações que compram do Brasil no continente e pode servir como ponto de distribuição dos produtos nacionais aos países africanos. A informação é de Wagne Idrissa, embaixador da Mauritânia em Brasília.
Idrissa visitou a sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira nesta segunda-feira (08) para conversar com empresas nacionais interessadas em fazer negócios com seu país. As conversas seguem até terça-feira (09).
“A Mauritânia é um hub estratégico entre a África do Norte e o Sul da África. A Mauritânia tem dois grandes portos e um terceiro em construção. Também temos um dos maiores aeroportos da África, que é de âmbito internacional”, destacou Idrissa, referindo-se ao Porto Autônomo de Nouakchott e ao Porto Autônomo de Nouadhibou. O país conta ainda com o Porto de Pesca Artesanal de Nouadhibou, focado apenas na atividade pesqueira.
O embaixador afirmou que boa parte dos países com os quais o Brasil tem importantes relações comerciais na África, como Angola, Costa do Marfim, Moçambique e Senegal, costuma fazer negócios por meio da Mauritânia. “Na África Central, mais de 40% do comércio é [feito] junto com a Mauritânia”, disse Idrissa.
O diplomata lembrou que a embaixada da Mauritânia no Brasil é recente, foi aberta em 2008, e que há muito a ser desenvolvido em termos de relações comerciais e governamentais entre os dois países. Idrissa assumiu o posto de embaixador em Brasília em fevereiro deste ano, depois de ter ocupado o mesmo cargo em Paris. Ele afirma estar começando a conhecer quem são as pessoas envolvidas no cenário comercial brasileiro para apresentar as oportunidades de negócios com seu país.
“Estou muito engajado para desenvolver este relacionamento comercial e governamental com o Brasil. A Câmara Árabe é um ponto importante para que esse relacionamento seja desenvolvido e estou aqui por essa oportunidade de a Câmara ter me convidado para conhecer um pouco das empresas brasileiras”, afirmou.
Idrissa também falou sobre os produtos que seu país exporta, como minério de ferro, ouro, bauxita e gás. Segundo ele, a Mauritânia já vende estes produtos para nações como China, França e Itália. O embaixador destacou também as vendas externas de pescados e frutos do mar.
Abertura de mercado
Uma das empresas brasileiras interessadas em entrar no mercado da Mauritânia é a Grendene. Fabricante de sandálias de plástico, a indústria gaúcha está de olho nas oportunidades do mercado mauritano e de seus vizinhos. “A Grendene nunca trabalhou antes com esse mercado. Essa região do Oeste da África é uma região em que há um gap de oportunidade que pode ser muito bem explorado, e aí surge o nosso interesse”, explicou Deivson Althaus, analista de exportação da empresa.
O executivo contou que a indústria já exporta para outros países árabes na África, como Líbia, Argélia e Egito, mas que tem encontrado dificuldades em abrir mercados como o da Mauritânia, Senegal e Nigéria, o que o trouxe ao encontro com Idrissa. “Nessa região mais ocidental da África, a gente tem mais dificuldade em conseguir informações, são mercados um pouco mais fechados”, disse.
A Alibra, fabricante de produtos lácteos, chegou a fazer uma venda para a Mauritânia há três anos. Agora, quer retomar o mercado do país árabe. Débora Lapa, gerente de exportação da empresa, explicou que a venda feita aos mauritanos foi de um produto em pó, substituto do leite. “Nós estamos querendo recuperar as vendas para lá e por isso esse interesse na reunião com o embaixador da Mauritânia. Sabemos que é um bom mercado”, afirmou.