São Paulo – Falando por vídeo no Global Halal Brazil Business Forum (GHB) nesta segunda-feira (27), o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, usou duas vezes a palavra confiança para descrever a relação entre o Brasil e os países islâmicos. O fórum ocorre até terça-feira (28) no WTC Events Center, na capital paulista, com autoridades, especialistas e empresários do Brasil e nações muçulmanas.
“A confiança e a parceria existentes entre o Brasil e os países de mercado halal são exemplos de uma história bem-sucedida que soubemos construir com adaptação e visão estratégica. Ela é fruto de estreita parceria entre o governo e o empresariado em prol do desenvolvimento do Brasil, prioridade maior da política externa brasileira”, disse, oferecendo a continuação do empenho do seu ministério na tarefa.
O chanceler falou que o fórum GHB se tornou um marco consolidado do calendário empresarial brasileiro e já é o maior evento halal das Américas. Ele destacou o papel do Brasil como produtor e exportador de produtos alimentícios halal. “Desde os anos 1970 nosso setor privado atende com excelência as especificações de produção e exportação para o mercado islâmico”, falou Vieira.
O ministro disse que o Brasil soube encontrar nas exigências halal uma oportunidade. O mercado halal é formado por produtos feitos segundo exigências do Islã, consumidos por muçulmanos. “Nossos produtores souberam dar a devida atenção aos costumes e às especificidades éticas e religiosas do mundo muçulmano para construir o que de mais importante há, seja no mundo dos negócios, seja na diplomacia: a confiança.”
Mauro Vieira citou o tamanho do fornecimento do Brasil a esse mercado. “O Brasil é, hoje, o maior exportador de alimentos para os países da Organização para a Cooperação Islâmica, com uma pauta diversificada que inclui também carne de frango, bovina, açúcar, grãos, café e mate”, disse. O ministro das Relações Exteriores mencionou ainda exportação do Brasil para os países da Liga Árabe, que alcançaram o segundo recorde consecutivo no ano passado, chegando a US$ 23 bilhões.
Segundo Vieira, há movimento de expansão das vendas de produtos halal de maior valor agregado, com os empresários entendendo a importância de atender também a demanda de cosméticos, medicamentos e vestuário. “O potencial de crescimento é enorme”, disse. O chanceler disse que apesar da necessidade de regulamentação e certificação específicas, a experiência bem-sucedida da indústria de alimentos dá confiança de que os produtores brasileiros estarão preparados para atender também essas áreas.
De acordo com o chanceler, desde o início do atual governo foram abertos 437 novos mercados, por meio de grupos como o Brics e bilateralmente, e o governo tem trabalhado para aproximar-se de novos parceiros e negociar abertura de mercados. Vários países com populações muçulmanas, como Egito, Emirados Árabes Unidos, Irã e Indonésia, fazem parte do Brics. “Temos nos aproximado de países muçulmanos, em especial na região do Golfo, área de grande potencial para as exportações brasileiras no futuro próximo”, falou.
O fórum é promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e a Fambras Halal Certificadora. O GHB tem como patrocinadores MBRF (Marfrig – BRF), MODON (Saudi Authority for Industrial Cities and Technology Zones), Seara, CaraPreta Carnes Nobres, EcoHalal, Emirates, Grupo MHE9, Laila Travel e Prime Company, SGS, com catering da Água Mineral Frescca e Pão & Arte Frozen Bread.
São parceiros estratégicos Islamic Chamber of Commerce and Development (ICCD) e Islamic Chamber Halal Services (ICHS). Também há apoio institucional da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Brazilian Beef, Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Brazilian Chicken, International Halal Academy e União das Câmaras Árabes (UAC).
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