São Paulo – Um grupo com pelo menos 20 profissionais brasileiros da área de saúde, a maioria médicos, vai apresentar seus estudos, conhecimentos e experiências no Congresso Mundial da Federação Internacional de Obesidade e Transtornos Metabólicos (IFSO), de 26 a 29 de setembro, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
O médico brasileiro Almino Ramos (foto acima) assumirá em Dubai o cargo de presidente da IFSO. A organização internacional reúne 62 países e mais de oito mil cirurgiões dedicados ao estudo do tratamento da obesidade por intervenção: cirúrgica, endoscópica ou por colocação de balão.
A IFSO promove anualmente o congresso em diferentes lugares do mundo, como uma instância para troca de conhecimento sobre tratamento cirúrgico de pacientes gravemente obesos. São apresentadas novas técnicas, pesquisas e conceitos na área. As últimas edições reuniram em média 2.500 pessoas, segundo disse Ramos à ANBA.
Na programa deste ano, divulgado na página da internet da IFSO, aparecem entre os palestrantes médicos dos Estados Unidos, Líbano, França, Alemanha, Taiwan, Espanha, Índia, Argentina, Emirados, Reino Unido, Bélgica, Canadá, Kuwait, Jordânia, Bahrein, Austrália, Itália, Catar, Egito, Singapura, China, Portugal, Japão, entre outros.
Os brasileiros formam parte expressiva dos que falarão no encontro. O País é o segundo no mundo em número de cirurgias bariátricas, com 110 mil operações no ano passado. Segundo Ramos, 54% da população está acima do peso.
“O Brasil tem uma legislação forte na área, reconhece a obesidade como doença e a cirurgia bariátrica como uma técnica para quem tem obesidade mórbida”, explicou o médico. Norma da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), ligada ao Ministério da Saúde, determina que pessoas com obesidade mórbida têm direito a fazer cirurgia.
O Brasil é referência científica e de estudos em cirurgia bariátrica e recebe profissionais estrangeiros para treinamento, além de atrair médicos de fora do País para o congresso anual promovido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). Almino Ramos acredita que todos esses fatores explicam o destaque do País na área e a participação expressiva no congresso da IFSO.
Segundo o médico, entre os pontos altos da discussão do Congresso Mundial da IFSO 2018 devem estar a cirurgia bariátrica como meio de melhora de doenças como hipertensão, diabetes, apneia do sono, triglicérides altos, problemas ortopédicos, entre outras, e o uso de técnicas cada vez menos invasivas, como laparoscopia e endoscopia.
Para ter espaço no congresso, os médicos podem se inscrever, o que é submetido a uma comissão, ou podem ser convidados pela federação, que é o caso da maioria dos brasileiros que estarão na edição deste ano, segundo Ramos.
O futuro presidente da IFSO abordará uma série de temas no congresso, entre eles operações bariátricas menos invasivas. Entre os outros assuntos sobre os quais os médicos brasileiros falarão estarão gastrectomia vertical, tratamento bariátrico endoscópico, a robótica no futuro dos procedimentos bariátricos e metabólicos, cirurgia bariátrica e hipertensão, efeitos da cirurgia para a esteato-hepatite não alcoólica (NASH), entre outros.
Segundo programa divulgado pela IFSO, entre os médicos brasileiros participantes estarão João Caetano Marchesini, Ricardo Cohen, Carlos Schiavon, Sergio Santoro, Manoel Galvão Neto, Alexander Morell, Nestor Suguitani Bertin, Marcos Leão Vilas Boas, Luciana El-Kadre e João Sucupira. Também falarão brasileiras de outras áreas, como a nutricionista Silvia Leite Faria, e a profissional de Educação Física, Emilian Rejane Marcon.
Almino Ramos, que ficará à frente da IFSO até a realização do congresso mundial em 2019, é formado em Medicina pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), tem mestrado em Cirurgia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e doutorado em Cirurgia pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ele atende na clínica Gastro Obeso Center, na capital paulista, e foi presidente da SBCBM em 2013 e 2014.