São Paulo – Médicos sírios estão perto de aprender um procedimento cirúrgico, já realizado no Brasil, que irá salvar muitas vidas. Um grupo de especialistas do Hospital Universitário Al Assad, de Damasco, está em curso intensivo no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para aprender as técnicas cirúrgicas na área de transplante de fígado. “Os especialistas devem acompanhar entre seis e oito cirurgias de fígado”, afirmou à ANBA o diretor clínico do hospital brasileiro, Riad Younes.
A equipe síria é formada por seis especialistas, entre eles cirurgiões e anestesista, que estão em São Paulo há duas semanas e vão retornar ao seu país no dia 26. Segundo Younes, neste período os sírios estão acompanhando cirurgias e visitas diárias aos pacientes transplantados. Na volta para casa, os especialistas pretendem começar a realizar o procedimento cirúrgico na Síria.
De acordo com Younes, nas primeiras cirurgias uma equipe de especialistas do Hospital Sírio-Libanês vai para Damasco acompanhar o procedimento e dar assistência. “Não existe esse tipo de cirurgia na Síria. As pessoas precisam viajar para outros países para realizar o transplante”, disse o cirurgião do Hospital Universitário Al Assad, Abdul H. Sinan.
Atualmente, estima-se que existam cerca de 150 pacientes por ano na Síria que necessitam fazer um transplante de fígado. De acordo com outro cirurgião e professor da universidade de Damasco, Ammar Al Midani, o que impressionou o grupo no Hospital Sírio-Libanês, além da infraestrutura e expertise, foi o programa de doações de órgãos, que também não existe na Síria.
No país árabe, o procedimento que será usado é o de transplante de fígado intervivos, pelo qual é retirada uma parte do órgão de uma pessoa e transplantada no paciente.
A ideia desse programa de intercâmbio na área da saúde teve início em julho do ano passado quando o presidente da Síria, Bashar Al Assad, visitou o Hospital Sírio-Libanês. Em outubro, com o apoio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, o superintendente de Estratégia Corporativa da instituição brasileira, Paulo Chapchap, viajou ao país árabe acompanhado por Younes para visitar o hospital universitário de Damasco, que é um dos maiores do país.
Após a viagem, a Câmara Árabe, o Hospital Sírio-Libanês e o Itamaraty, por meio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), elaboraram um programa de intercâmbio médico, que terá investimentos de US$ 610 mil, divididos entre o hospital brasileiro, o governo sírio e a ABC. O grupo de médicos sírios foi recebida na Câmara Árabe na última semana.