Débora Rubin
São Paulo – Hoje à tarde, 37 meninos brasileiros partem para o Catar em busca de um sonho para lá de brasileiro. Eles fazem parte das categorias Sub-13 e Sub-15 da Seleção Brasileira que vão participar da Copa Internacional do Mediterrâneo, que acontece em Barcelona entre os dias 4 e 8 de abril. É a primeira vez que a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) escala meninos de 13 anos para participar do torneio.
Segundo Jorge Silveira, técnico do Sub-13, a iniciativa tem duas razões. A primeira delas é evitar convocar a seleção Sub-17 e assim atrapalhar os times nos torneios estaduais. A segunda razão é mais estratégica: começar a encontrar o time perfeito para disputar a Copa Sul Americana daqui a quatro anos, quando os meninos que hoje têm 13 anos estiverem no Sub-17.
A escalação desses jogadores se deu de uma forma improvisada e prática: como a decisão foi tomada na última hora, teve prioridade quem já estava com o passaporte em mãos para evitar atrasos na hora de tirar o documento. Além disso, como dos 19 jogadores, oito são de São Paulo e do Rio Grande do Sul, Silveira confiou na indicação de amigos de clubes como Grêmio, Internacional e Corinthians. Os outro onze meninos, todos de clubes cariocas, foram avaliados pelo técnico pessoalmente.
Todos eles vão se encontrar pela primeira vez quando chegarem ao Catar, já que uma parte embarca em São Paulo e a outra sai do Rio. A semana de treinos no país árabe já é uma tradição há três anos, já que o país convida a CBF para treinar lá. O treino serve justamente para integrar esses meninos.
"Alguns deles já se conhecem, mas a maioria nunca jogou junto. Como eles vão se relacionar e quais são as chances deles em Barcelona é uma incógnita até para mim", diz o técnico. "Mas a gente está encarando isso como um ponto de partida. Queremos fazer um trabalho sério, de longo prazo, de olho no que essa seleção será daqui quatro anos."
Sobre levar meninos de 12 e 13 anos para um torneio internacional como esse, Jorge Silveira acredita que não haverá grandes problemas. "O máximo que pode acontecer é eles sentirem saudade de casa, os que nunca viajaram por tanto tempo", diz. As seleções só voltam ao Brasil dia 9 de abril. "Mas com a quantidade de meninos que jogam bem no Brasil, a vontade de agarrar a chance e permanecer na seleção é grande, então a tendência é eles se comportarem direitinho."
A seleção Sub-15, um pouco mais experiente, tem 18 jogadores vindos de times variados de todo o Brasil. Para ambas as seleções, jogar em Barcelona é mais que um sonho, mas uma grande oportunidade – já que a cidade catalã é uma das vitrines mundiais do esporte. O treino no Catar também deve atrair atenção de olheiros e empresários. "Ainda não tive empresários atrás de mim, mas espero que tenha", disse o pequeno Augusto, 12, atacante do Corinthians, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
Se a viagem vai render bons contatos e contratos futuros, ninguém sabe. Mas só de vestir a tão desejada camisa verde e amarela já vale a partida. "É uma experiência única para todos eles", finaliza o técnico Silveira.
Acompanhe as seleções Sub-13 e Sub-15 pelo site da CBF: www.cbfnews.com.br

