Rio de Janeiro – Focando em atrair investimento e parcerias de empresários e fundos soberanos da região do Golfo, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) brasileiro, Aloizio Mercadante, apresentou um panorama da situação econômica do Brasil e vastas possibilidades na chamada economia verde. A declaração foi feita no evento FII Priority, realizado no Rio de Janeiro nos dias 12 e 13 junho.
“Nós queremos liderar a transição energética, utilizar essa riqueza fantástica, que é a maior florestal tropical do planeta. Nós somos o País que mais tem recursos de água para, por exemplo, data centers, para produzir energia limpa, para participar da revolução da inteligência artificial. Já somos o segundo país que mais recebe investimento direto”, afirmou Mercadante. “Nós temos uma matriz energética que é a mais limpa do G20. Quarenta e sete por cento de matriz renovável e 88% da matriz elétrica”, completou ele.
Mercadante falou no painel “Será que as potências econômicas ascendentes remodelarão o futuro dos investimentos?”. A sessão, que durou cerca de 30 minutos, discutiu a evolução do cenário global de investimentos à medida que um novo grupo de nações emergentes assume maior proeminência econômica.
Ele criticou as nações mais desenvolvidas do chamado Norte Global. “Nós estamos enfrentando, cada vez, um protecionismo comercial mais acentuado dos países industrializados”, afirmou ele. Para Mercadante é preciso “mais discussão entre o Norte e o Sul, de mais parcerias nesse deslocamento das cadeias de produtivas” e também “mais adensamento das cadeias produtivas do Sul global”.
Dizendo “escolham o Brasil”, o presidente do BNDES apresentou aos investidores da região do Golfo uma nação aberta ao investimento e parcerias comerciais. “Nessa mudança geopolítica, nas tensões e na guerra, esse é um país que há 150 anos não tem guerra com nenhum vizinho. Só temos 15 países na ONU que tem relações com todas as demais nações e esse é um deles. Esse é um país de paz, que quer diálogo, que quer parcerias, que quer ponte”, disse Aloizio Mercadante.
Além do presidente do BNDES, palestrantes como Ahmed Al Khatteb, ministro do Turismo da Arábia Saudita, e André Esteves, presidente do banco BTG Pactual, discutiram como essas potências econômicas ascendentes estão moldando as tendências de investimento, criando novas oportunidades para investidores globais e redefinindo a dinâmica dos fluxos de capital internacional.
Brasil tem condições de liderar
Em entrevista à WAM, o chefe do escritório da Câmara de Comércio Árabe Brasileira em Dubai, Rafael Solimeo, que está no FII Priority com outros representantes da instituição, disse que Brasil tem “excelentes condições estruturais para liderar a transição energética, tendo o país ampla disponibilidade de energia descarbonizada em mais da metade de sua matriz energética, incluindo o uso de combustíveis fósseis.”
Solimeo também destacou que o mercado brasileiro é capaz de produz de maneira sustentável. “[O Brasil] também tem em seu território diferentes biomas, além do Amazônico, que guardam o que talvez seja o maior patrimônio de biodiversidade da humanidade. O país também conta com cadeias produtivas de alimentos eficientes e que adotam as melhores práticas sustentáveis à disposição do mercado e uma das únicas no mundo que pode crescer sem derrubar uma árvore sequer”, conclui.
A Cúpula FII Priority reúne autoridades globais, juntamente com líderes empresariais de vários setores, e aborda questões urgentes sob o tema “Investir na Dignidade”. No seu primeiro dia, o evento reuniu mais de 1.500 delegados, que participaram em 66 sessões com mais de 190 oradores.
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