São Paulo – Os produtos elétricos brasileiros têm boas oportunidades para vendas no mercado árabe, segundo Doracy Tasquim, analista de Relações Internacionais da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
Segundo a analista, produtos como torres, isoladores, ferragens, transformadores e outros usados na geração, transmissão e distribuição elétrica são os que mais chamam atenção dos compradores árabes.
A Cerâmica Santa Terezinha, fabricante de isoladores elétricos cerâmicos, por exemplo, já exporta para a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos. Suas vendas ao mercado árabe ainda são pequenas, cerca de US$ 300 mil por mês.
Apesar de já ter identificado possíveis compradores, distribuidores e representantes que pudessem ampliar sua presença nos países árabes, o câmbio é um grande empecilho para a o aumento das vendas, afirma Niels Kleer, superintendente comercial da Santa Terezinha. “Com um câmbio a R$ 2,50 (por dólar), poderíamos aumentar a exportação em 50%”.
A Termomecanica São Paulo, que atua no setor de transformação de metais não ferrosos em produtos acabados, como tubos, chapas, fitas, barras, etc., ainda não vende para os países árabes, mas está em contato com uma trading presente na Argélia, que já demonstrou interesse em seus tubos de cobre.
De acordo com José Albano Henriques, gerente de Exportação da Termomecanica, o que mais chama a atenção da empresa no mercado árabe é o crescimento do setor de construção civil, especialmente em Dubai, e o clima quente dos países da África e do Oriente Médio. “Isto mostra oportunidades para nossos tubos de condução de água, gás e fluído refrigerante para aplicação em equipamentos de ar condicionado”.
Na última quarta-feira (25), 16 empresas do setor elétrico e eletrônico participaram de uma palestra sobre o mercado árabe, nos quais foram apresentadas dados sobre o comércio destes produtos naquela região e as maneiras mais adequadas de negociar com os árabes.
Rodrigo Solano, gerente de Desenvolvimento de Mercado da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, responsável pela palestra, conta que do total das importações realizadas pelos países árabes, 10% são de produtos eletro-eletrônicos, o que representou US$ 47,92 bilhões em 2008. A participação do Brasil neste período foi de apenas US$ 108,44 milhões. Os maiores compradores destes produtos são Emirados Árabes, Arábia Saudita, Catar e Egito.
Para Solano, é relevante destacar que, apesar da participação ainda pequena, as exportações de produtos brasileiros no setor correspondem aos produtos de maiores demandas nos países árabes, como transformadores, isoladores, motores e geradores, produtos relacionados à infraestrutura e à indústria da construção.
"É importante lembrar que o boom da construção não acontece somente em Dubai, mas também na Líbia, Arábia Saudita, Egito e países do Levante. O setor de construção é prioritário em praticamente todas as economias árabes", diz.