Isaura Daniel*
São Paulo – A confecção mineira Castor começou a vender roupas de tricô para os países árabes em 2002. A estilista Amarilis Fernandes, de São Paulo, envia vestidos de luxo para a região desde 2003. A pequena Fragole, indústria gaúcha, começou a exportar biquínis e saídas de banho para os árabes em 2004. Ano a ano aumenta o número de indústrias brasileiras de roupas, calçados e acessórios que entram no varejo árabe e também a quantidade de empresas interessadas em vender para a região.
O que as atrai é um mercado consumidor com elevada capacidade de compra. A renda per capita do Catar é uma das mais altas do mundo: US$ 40 mil. Os Emirados Árabes Unidos têm renda de US$ 20 mil, o Kuwait de US$ 19 mil e o Bahrein de US$ 15 mil. "O poder aquisitivo nos países árabes é alto", diz o superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel. Os países do Oriente Médio são responsáveis por 5% do mercado mundial de roupas e acessórios.
As roupas brasileiras exportadas para a região vão desde os vestidos de festa e a moda praia até as peças esportivas e infantis. Dados de uma pesquisa da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB) apontam que os países do Golfo Arábico possuem o segundo maior gasto mundial com produtos infantis, principalmente roupas. A empresa brasileira Marisol, por exemplo, já abriu várias lojas Tigor T. Tigre & Lilica Ripilica, sua marca de roupas infantis na região. Outras indústrias de moda infantil, como a Green By Missako, de São Paulo, também vendem para os árabes.
A moda praia brasileira é muito consumida em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em função do grande fluxo de turistas europeus na região. Marcas de estilistas brasileiros também não param de ingressar nas butiques locais. "Os estilistas brasileiros caíram no gosto do consumidor árabe", diz o presidente da CCAB, Antonio Sarkis Jr. Ele lembra, porém, que há ainda muito espaço para a moda nacional nos países da região, até mesmo no setor de roupas assinadas. "As vendas estão aumentando, mas como a nossa base é pequena, há espaço para crescer mais", afirma.
De acordo com notícia publicada na agência de notícias Menareport, o mercado de roupas e acessórios movimenta US$ 11,4 bilhões por ano no Oriente Médio. Alguns países árabes possuem indústrias de calçados e confecções, como é caso do Egito, tradicional no setor têxtil, mas boa parte deles é importador de moda. "Os árabes, principalmente os produtores de petróleo, são grandes importadores", lembra Pimentel, da Abit.
Nos Emirados Árabes Unidos, metade dos calçados comercializados no ano passado, que somaram US$ 570 milhões, era de origem estrangeira. Os Emirados possuem apenas sete fábricas do setor.
Para conquistar uma fatia ainda maior desse mercado, empresas e estilistas brasileiros vão participar a partir da próxima segunda-feira (12) da Motexha, feira de moda e acessórios que ocorre em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A mostra, que durará quatro dias, é a maior do gênero no Oriente Médio. Neste ano vão participar da feira 750 expositores de 35 países. São esperados 15 mil visitantes.
* Colaborou Silvia Lindsey

