Cláudia Abreu
São Paulo – A manga, o abacaxi, o mamão papaia e a uva brasileira encontram terreno fértil no mercado árabe. Essa é a conclusão da missão comercial que o Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf) realizou recentemente em quatro países da região: Arábia Saudita, Catar, Emirados Árabes Unidos e Líbano.
Para Moacyr Saraiva, presidente do instituto, a visita serviu para mostrar que o mercado árabe "é promissor e deve estar na agenda do setor frutícola, principalmente das empresas que querem aumentar as exportações".
Saraiva explica que a missão, que durou oito dias e terminou no último dia 4, serviu para conhecer melhor o mercado consumidor, identificar os entraves e as exigências às exportações de frutas do Brasil, além de manter contato com representantes comerciais daquela região.
Segundo ele, a boa notícia é a que a imagem dos produtos brasileiros é muito boa nos países árabes e as barreiras não são tantas. "As tarifas são baixas na maioria dos países. Quanto à segurança alimentar, eles são tão exigentes quanto os europeus. Por outro lado, não pedem tanto da apresentação visual da fruta", afirma.
A missão de negócios aconteceu logo após a Saudi Food, feira realizada em maio, na Arábia Saudita. Quatro empresas do Brasil participaram do evento. Atlântica Internacional, Renar Maçãs, Amacoco e Café Canecão receberam o apoio do Ibraf e da Agência de Promoção de Exportações do Brasil (APEX) para irem à mostra.
A empresa Atlântica, de São Paulo, já contabiliza os ganhos das visitas feitas aos árabes este ano – em fevereiro representantes da companhia também foram aos Emirados Árabes Unidos. Na semana que vem, a companhia vai embarcar 100 toneladas de suco de manga para Dubai. É a primeira vez que a Atlântica vende para os Emirados, apesar de já exportar para alguns países da região, como Líbano, Síria e Jordânia.
Segundo Vlamir Breternitz, diretor da companhia, o suco de manga é muito consumido na região, perde apenas para o de laranja. "A aceitação é boa, mas temos de adaptar um pouco o sabor e a formulação", afirma. A intenção é aproximar o produto brasileiro do suco indiano, muito exportado para os árabes. A manga da Índia é diferente das espécies produzidas no Brasil.
No entanto, a concorrência com os indianos não deve acontecer em tempo integral, pois as safras acontecem em épocas diferentes. No Brasil, a manga é colhida de novembro a fevereiro. "Quando termina aqui, começa lá, e é justamente nesse intervalo no abastecimento que o produto brasileiro pode entrar", afirma Breternitz.
A empresa também aposta na exportação de suco de abacaxi para os árabes. A bebida também concorre com os indianos. O sabor, como no caso da manga, é diferente. O abacaxi brasileiro é mais doce. Outra vantagem: é cultivado durante todo o ano, não há entressafra. "Quando contamos isso para os árabes, eles ficaram intrigados, e disseram que querem conhecer nossas plantações, ver como produzimos abacaxi o ano inteiro", afirma Breternitz.
Os produtos da Atlântica são exportados em sacos assépticos dentro de tambores de 200 quilos. Dependendo da formulação, é possível fazer entre 400 e 2 mil litros de sucos pronto para beber com esse volume.
A Atlântica representa cinco companhias produtoras de sucos concentrados de frutas de São Paulo e do sul do Pará. Juntas, elas produzem, por ano, 5 mil toneladas de laranja, 4 mil de abacaxi, 3 mil de manga e 2,5 mil toneladas de goiaba.
Maças
Os produtores de frutas in natura também estão de olho no mercado árabe. A Renar Maçãs, de Santa Catarina, participou pela segunda vez da Saudi Food. "Estamos estudando o mercado árabe, observando hábitos e trocando cartões com empresários locais", afirma Roland Brandes, diretor-presidente da empresa. Segundo ele, o mercado é árabe é interessante pois "não tem restrições aos produtos brasileiros".
A companhia já fez alguns contatos com os árabes, mas sempre por meio de empresas européias e americanas. "Nossa intenção é fazer negócio diretamente com a região", diz Brandes. A Renar produz cerca de 40 mil toneladas de frutas por ano, metade é exportada. Os países da União Européia são os principais compradores.
Geral
No ano passado, o Brasil exportou 850 mil toneladas de frutas frescas. Os países árabes importaram diretamente do Brasil apenas 2,28 mil toneladas, uma queda de 48,35% em relação a 2003.
Contato
Ibraf
Site: www.ibraf.org.br
Telefone: +55 (11) 223-8766
Atlântica
Site: www.atlanticafoods.com.br
Telefone: 55 (11) 4586-1226
Renar
Site: www.renar.agr.br
Telefone: 55 (49) 246-2033