São Paulo – Os esforços das montadoras instaladas no Brasil em ampliar o leque de destinos dos seus veículos colocaram os países árabes de volta ao radar da indústria automotiva nacional. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, as exportações de automóveis brasileiros aos países da Liga Árabe cresceram 38% de janeiro a outubro, comparado com o mesmo período do ano passado. O comércio girou mais de US$ 300 milhões.
O grande destaque é o Catar, responsável por mais de um terço deste valor: o país importou US$ 105,3 milhões, contra US$ 4,2 milhões no mesmo período do ano passado. A Arábia Saudita, segundo maior destino dos veículos brasileiros, ampliou em 24% suas compras, para US$ 66,9 milhões.
Embora ainda tímida, a participação dos países árabes no comércio exterior de veículos brasileiro subiu de 2,6% em 2015 para 3,3% este ano.
“As empresas estão se esforçando muito para abrir novos mercados”, afirmou Antonio Megale, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) em coletiva à imprensa na terça-feira (6). “Isso se refletiu no resultado de novembro, o melhor mês para as exportações de veículos desde agosto de 2013 e o melhor novembro desde 2005”.
Em volume os embarques brasileiros somaram 57,1 mil unidades em novembro, alta de 56,4% na comparação com o mesmo mês do ano passado e de 54,7% com relação a outubro. A receita com as exportações cresceu 25,8% no mês, comparado com novembro de 2015, e 13,4% com relação a outubro, para US$ 1,08 bilhão.
De janeiro a novembro o faturamento com as exportações chegou a US$ 9,7 bilhões, 0,6% acima do resultado de igual período de 2015. Em volume a alta foi de 23,4%, com 457,8 mil veículos exportados. “Estamos caminhando na direção das nossas previsões de exportar 500 mil unidades este ano”, disse Megale.
O mercado externo voltou à pauta das montadoras por dois motivos: o primeiro foi a retração das vendas domésticas – neste ano a demanda por veículos no mercado interno caiu 21,2% de janeiro a novembro, para 1,85 milhão de unidades. O outro foi a desvalorização do real, que tornou mais atrativo o preço dos modelos produzidos no Brasil.
Megale espera que as vendas internas voltem a crescer a partir de 2017. Embora o presidente da Anfavea não tenha divulgado suas projeções para o ano que vem, ele confessou que a expectativa é de alta na casa de um dígito, com aceleração maior no segundo semestre e perspectiva de um mercado bem forte em 2018.
Para os embarques a visão também é positiva: "Além dos esforços das montadoras em buscar novas frentes, o governo colabora ao negociar acordos comerciais bilaterais com outros mercados".


