Silwan Abbassi*
Brasília – Os produtos halal, fabricados de acordo com as regras muçulmanas, movimentam US$ 2,1 trilhões no mundo, de acordo com especialistas na área. A informação faz parte de uma reportagem publicada pelo jornal libanês Al Hayat, a partir de dados divulgados em uma feira do setor. A matéria afirma também que deste valor, US$ 400 bilhões são vendas de produtos alimentícios.
Traduzida do árabe a palavra "halal" quer dizer "permitido" ou "lícito". No mundo todo, porém, o halal é conhecido como o sistema pelo qual alimentos e produtos são preparados de acordo com os princípios islâmicos. Os principais consumidores de halal são os 1,8 bilhões de muçulmanos que estão espalhados pelo mundo. Mas também há pessoas de outras religiões que compram os produtos.
Além de alimentos, esse mercado engloba outros setores, como, por exemplo, o de produtos de beleza. Os cosméticos precisam ser feitos com ingredientes preparados pelo sistema halal. Ou seja, os produtos animais precisam vir de um boi ou uma vaca que tenha sido abatido e tratados de acordo com as normas muçulmanas. Ingredientes como gelatina de origem suína, usada em alguns cosméticos, não são permitidos.
São várias as empresas no mundo que estão atentas ao potencial deste mercado e inovando na oferta de produtos voltados para este público consumidor. Uma feira que ocorreu no início desta semana nos Emirados Árabes Unidos, a Dubai International Halal Show 2006, teve exposição de 60 empresas de 17 países.
As empresas oferecem, dentro da proposta halal, desde alimentos e cosméticos até remédios. Também há serviços de educação islâmica e produtos financeiros, como seguros. No caso dos seguros, em vez de pagar a mensalidade, a pessoa contribui para um fundo que remunera os segurados.
As companhias que operam no setor estão voltadas não apenas para os países onde a religião muçulmana é predominante, como ocorre no Oriente Médio e Norte da África, mas também a nações onde há grande presença de imigrantes islâmicos. Nas últimas três décadas se multiplicaram as empresas que atuam neste setor. Uma empresa chamada V Linx, patrocinadora da feira de Dubai, lançou uma bolsa de valores eletrônica para comercializar exclusivamente produtos halal.
No próprio Brasil existem indústrias, como Sadia e Perdigão, que operam com o sistema halal. Elas produzem carne de frango abatido de acordo com as regras islâmicas. Também há produção de carne bovina halal. Os animais devem ter a traquéia e a jugular rompidas e o sangue totalmente extraído. O abate deve ser realizado por um muçulmano com os animais virados para Meca, com a pronúncia das palavras "em nome de Deus" e "Deus é grande" a cada sangria.
*Tradução de Silvia Lindsey