São Paulo – A industria brasileira de açúcar e álcool tem potencial para ampliar seus negócios no exterior, mesmo neste momento de crise econômica. A afirmação é do secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Manoel Bertone.
“O setor sucroalcooleiro tem potencial de desenvolvimento no mercado internacional, tanto no que se refere à produção de açúcar, que diminuiu na União Européia e Índia, quanto ao etanol. Temos condições de atender bem os mercados interno e externo”, disse Bertone, segundo nota divulgada pelo ministério.
O secretário falou sobre o tema nesta quinta-feira (30) durante a apresentação do primeiro levantamento da safra de cana-de-açúcar para 2009, feito pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), estatal vinculada ao ministério. O Brasil já é o maior produtor e exportador de açúcar e o segundo na produção de etanol, atrás apenas dos Estados Unidos.
É principalmente na área de açúcar que deve ocorrer aquecimento do mercado externo. “Hoje exportamos 70% do açúcar e 15% de etanol. Com a valorização do dólar [frente ao real], a quebra de safra na Índia e os bons preços internacionais, o açúcar passou a ter remuneração mais atraente que o combustível”, afirmou o diretor de Logística e Gestão Empresarial da Conab, Sílvio Porto, de acordo com a nota.
Segundo projeção do Ministério da Agricultura, a participação do Brasil no comércio internacional de açúcar deverá passar de 58,4% do total para 73,3% até 2019.
O levantamento da Conab mostrou que a indústria sucroalcooleira deve processar este ano entre 622,03 milhões e 633,72 milhões de toneladas de cana para produção de açúcar e álcool, um volume recorde que, se confirmado, vai representar um aumento entre 8,6% e 10,7% em comparação com 2008. “Isso prova que o mercado sucroalcooleiro continua aquecido, apesar da crise”, afirmou o presidente da companhia, Wagner Rossi, segundo o comunicado do ministério.
Entre os fatores para o crescimento estão a moagem de 28 milhões de toneladas de cana remanescentes da safra anterior e a ampliação da área plantada em 9,9% com a entrada em operação de 25 novas usinas no país. De acordo com o ministério, a área de cana destinada à indústria do açúcar e do álcool aumentou de 7,08 milhões de hectares para 7,79 milhões.
Já a área total plantada com cana cresceu de 9,4 milhões para 9,59 milhões de hectares, e a previsão é de uma colheita recorde de 674,8 milhões de toneladas, um aumento de 3,3% sobre a safra anterior. Esses últimos números incluem a cana destinada a outros usos.
O total destinado à indústria sucroalcooleira deverá resultar na produção de até 37,91 milhões de toneladas de açúcar e 28,6 bilhões de litros de etanol.

