São Paulo – A Mesquita da Misericórdia, no bairro de Santo Amaro, na cidade de São Paulo, recebeu nesta semana um lustre de meia tonelada contendo cerca de 150 mil cristais egípcios. A peça gigantesca é uma criação do engenheiro civil egípcio Mohammed Darwich, que vive no Brasil e comercializa no mercado nacional lustres da marca Asfour, do seu país de origem. O lustre foi uma doação do empresário.
A peça gigantesca tem o formato da palavra Allah, em árabe, que é como os muçulmanos chamam a Deus, e parece estar flutuando no teto da mesquita. Adornado pelos milhares de minúsculos cristais de 14 milímetros cada, ele foi pintado com tinta galvanizada dourada e leva 200 lâmpadas na parte interna.
Desenhada por Darwich, a peça começou a ser feita há cerca de oito meses. Os cristais vieram do Egito, mas os demais materiais e a montagem são brasileiros, da empresa de Darwich, a Crystal Star, que possui lojas de decoração no Brasil. “Representa o Brasil e o Egito, uma relação de centenas de anos”, explica o empresário para a reportagem da ANBA, levando em conta os materiais e mão de obra brasileira e egípcia envolvidas.
O lustre foi feito de maneira artesanal, cada cristal sendo colocado individualmente, em um processo que demorou cerca de um mês e meio de trabalho. Parte da montagem da peça teve que ser realizada na mesquita mesmo, em uma grande engenharia local. A instalação demandou cerca de uma semana e envolveu o trabalho de vinte profissionais, de acordo com Darwich. “Foi uma operação gigante”, relata ele.
Para a Mesquita
O egípcio conta que a história do lustre começou há três anos, quando a comunidade da Mesquita da Misericórdia, que ele frequenta, manifestou a intenção de trocar o lustre do local, que já estava antigo. Darwich se propôs a criar uma peça com a qual a comunidade se identificasse, que pudesse agradar a todos e tivesse material nobre.
O engenheiro explica que o uso do cristal egípcio tem relação com a vitaliciedade e a nobreza. “É uma joia, o brilho dele é vitalício”, afirma. A escrita da palavra Allah foi pensada para remeter à alma e ao espírito. “A gente olha e lembra que está na casa de Deus, se encaixa dentro desse ambiente espiritual”, explica Darwich.
O egípcio se emociona ao falar da doação. “Deus me ajudou bastante no Brasil”, afirma. Mohamed Darwich prestava serviços na área de turismo no Egito, renda com a qual se formou na faculdade, e se mudou para o Brasil em 2012 quase sem recursos, mas com muita vontade de empreender. Ele criou a agência de turismo EGP Viagens e montou seu negócio na área de lustres e cristais, se destacando entre os empreendedores árabes no Brasil.
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O lustre de Santo Amaro foi o segundo que Darwich forneceu para uma mesquita. O primeiro foi um de formato arredondado para uma mesquita no estado de Santa Catarina. Feliz pela peça criada e instalada na Mesquita da Misericórdia ter agradado à comunidade, Darwich sonha mais alto e quer criar lustres para mesquitas de Meca, a cidade sagrada da Arábia Saudita, de Jerusalém, na Palestina, e do seu país, o Egito.