São Paulo – Blanca Soares cresceu em Pelotas, no Rio Grande do Sul, criada pela mãe artista plástica e pelo pai comerciante. Há quinze anos, já em São Paulo, ela uniu os talentos herdados dos pais, artístico e empreendedor, e criou sua marca de semijoias, a Blanca Leone. No começo, ela só fazia peças para o varejo brasileiro, até que um dia se deu conta de que existia um mundo inteiro a ser explorado. “Eu pensei: se já estou aqui, por que não posso também estar lá?”, refletiu consigo mesma. Organizou seu material, caprichou no portfólio, no “oui” e submeteu sua inscrição na Bijorhca, feira do setor joalheiro de Paris. Deu certo. De lá, ganhou o mundo. “A França traz muitas coisas boas”.
Isso tudo já faz dez anos e, desde então, marca presença em outras feiras importantes como a HOMI Milano, na Itália, e em Nova York. Para conseguir exportar, foi preciso muita feira, muito contato e, ainda, abrir uma empresa em Portugal para facilitar trâmites burocráticos. Blanca também vai a Dubai duas vezes ao ano, com a delegação brasileira de produtores de joias. Lá, tem suas peças expostas em dois espaços, um deles uma loja de rede.
“Eu amo os Emirados! Meu sonho é ter minha própria loja em Dubai”, diz. “Sinto que ainda há muito espaço a ser explorado por lá, eles ainda não investem muito em fashion nem em produtos feitos manualmente, como os meus”. Seu amor pelo país árabe já inspirou a coleção Dubai, com brinco, colar e pulseira.
Recentemente, além da venda B2B, ela passou a vender suas peças por e-commerce para se firmar cada vez mais com sua marca própria. Também passou a investir em joias. A empresa de Blanca tem 60 funcionários, sendo a maior parte de artesãos. Cada peça é cuidadosamente pensada, desenhada e depois feita, uma a uma, em um trabalho minucioso que envolve o banho a ouro, a lapidação de pedras, o encaixe perfeito. Sua última coleção é inspirada na fauna brasileira, incluindo brincos de tucanos e araras.
O incrível projeto de Blanca Leone
Blanca estudou administração hoteleira em Florianópolis, onde foi eleita Miss em 1999 (ficou em quarto lugar no Miss Santa Catarina). Também passou no concorrido Look of the Year, seletiva de modelos famosa por revelar grandes nomes da moda. Na época, ela já trabalhava em uma empresa e tinha duas opções: ir para o Japão como modelo ou ir para Ribeirão Preto, interior de São Paulo, treinar os funcionários da filial da empresa onde era funcionária.
“Tenho lembranças muito lindas do ano em que fui Miss e o mundo da moda me abriu muitas portas, mas também tinha muita coisa estranha”, recorda. “Por isso escolhi a segunda opção”. Depois de anos em Ribeirão, seguiu para São Paulo onde, enfim, se reconectou com a moda, mas como designer.
O nome da marca é inspirado na comédia italiana “O incrível exército de Brancaleone”, de 1966. Um trocadilho com seu nome e com “leone”: “Eu amo leão, representa muito a minha força, minha garra. Mas não é meu signo. Sou capricorniana”, avisa. Quando chegou em São Paulo, ela começou a desenhar e produzir suas peças. Depois saía vendendo em salões de beleza e em bazares de Natal. “Vi que vendia bem, percebi que eram boas, e fui em frente”.
A pandemia deu uma abalada nos projetos e, como muitos empresários, Blanca sentiu o baque. Pegou covid duas vezes, mas nada tão pesado quanto o impacto nos negócios. “Se eu venci a pandemia, venço qualquer batalha e agradeço todos os dias por estar viva e prosperando”. Aos 45 anos, se vê em futuro próximo com lojas físicas em Dubai, Milão, Nova York e na Paris que primeiro a recebeu.
E no Brasil? “Por enquanto, não. Prefiro investir lá fora e alimentar o mundo com nossas cores e beleza. Porque, infelizmente, o Brasil só dá valor para o que faz sucesso fora”.
Contato:
Site Blanca Leone
Instagram aqui
Whatsapp: +55 11 99140-4507