Belo Horizonte – O ar puro, a paisagem rodeada por montanhas, a boa comida e a simpatia dos mineiros já justificam uma viagem para Belo Horizonte. Mas a capital de Minas Gerais reserva mais, bem mais aos seus visitantes. Entre essas boas surpresas está o Circuito Cultural Praça da Liberdade, no Centro. A ideia é aproveitar antigos prédios públicos instalados no endereço para abrigar museus, bibliotecas, acervos históricos. Isso envolve parcerias com a iniciativa privada. Alguns deles, como o Espaço TIM UFMG do Conhecimento, Museu das Minas e do Metal e Memorial Minas Vale já estão em funcionamento, com outros em fase de implantação, como a Casa Fiat de Cultura, Centro Cultural Banco do Brasil e Museu do Homem Brasileiro.
Uma vez na Praça da Liberdade, o turista já sente que, ali, o ar é mais limpo, mais fresco, com cheiro de flor. Bem cuidado, o local convida ao descanso pelos bancos instalados na sombra, com visão privilegiada das roseiras e da grama sempre aparada. Tem até coreto para completar o clima de antigamente. E senhoras conversando, casais passeando com os filhos, estudantes com os livros debaixo do braço e combinando o que fazer depois da escola. Inevitável parar um pouquinho, só para se sentir assim, à toa.
Uma surpresa para completar o cenário: no número 153 da Praça chama a atenção o edifício Niemeyer, assinado pelo mais famoso arquiteto brasileiro. Residencial, o prédio tem 12 andares, com dois apartamentos em cada piso. Todo cheio de curvas, parece um Copan (o famosa obra projetada pelo mesmo no Centro de São Paulo) em miniatura.
Pausa concluída, por que não aproveitar as atrações do Circuito? Começando pelo Espaço TIM UFMG do Conhecimento, aberto há dois anos e focado em educação e ciência, é possível visitar o planetário (sempre a partir das 13h) e conferir exposições como a Demasiado Humano, atualmente em cartaz. A mostra discute a diversidade, o fluxo de migrações do homem, a similaridade genética e as diferentes versões para o surgimento da humanidade, entre outros temas. Mas tudo mostrado de forma leve, agradável, cenográfica. Não faltam vídeos, jogos interativos, instalações. Vá mesmo se não tiver crianças a tiracolo, não se trata de um programa chato ou escolar, mas de um passeio informativo e agradável para todas as idades.
Quase do lado, o Museu das Minas e do Metal pode ser a segunda parada. Aberto no antigo prédio da Secretaria do Estado da Educação em 2010, já chama a atenção pela suntuosidade das suas instalações: um casarão todo cor de rosa por fora e adornado por mármores, escadarias e colunas por dentro. Um luxo total. E com um acervo apresentado de forma divertida. Por exemplo: uma das primeiras alas visitadas no espaço é chamada de "Chão de estrelas", que traz um "planetário às avessas", ou seja, lunetas que apontam para as pedras colocadas num círculo redondo, de vidro, no chão. Com uma luz que realça o brilho dos metais, é só chegar mais perto e ver em detalhes topázio, ouro e até um diamante verdadeiro.
Em outra sala, dá para ver de perto malaquitas, turmalinas e quartzos ao som de poemas. Destaque também para o corredor com pedras dispostas em pequenas vitrines e armários que podem ser abertos pelos frequentadores, que nesse caso ouvem informações complementares sobre os minerais. Dessa forma, é possível aprender que o verdadeiro ouro de tolo é a pedra pirita, confundida com o mais nobre dos metais pelo tom, dourado.
Há ainda trechos que ligam a mineração ao desenvolvimento econômico das "Gerais". Com direito à exibição de trechos do filme "Xica da Silva", de 1976, dirigido por Cacá Diegues, sobre a relação da ex-escrava com o contratador português João Fernandes de Oliveira, tendo o auge da extração no estado, durante o Brasil Colônia, como pano de fundo. Antes de deixar o museu, vale a pena dar um "passeio" pelo simulador que reproduz um elevador que desce à Mina do Morro Velho, no município de Nova Lima (a 60 quilômetros de Belo Horizonte). Detalhe: o "guia" da visita é Dom Pedro II, representado por uma animação que passa as informações aos visitantes.
Artistas, escritores, fazendeiros, artesãos
Vai um pouco mais de história de Minas Gerais aí? Pois não perderá tempo quem se dirigir ao Memorial Minas Vale na sequência. Patrocinado pela Vale do Rio Doce, o local traz um apanhado do que é o estado. E isso em todas as esferas: economia, cultura, hábitos, tradições, filhos ilustres. Cada ala apresenta uma faceta diferente. Tudo com muita cor, vídeos, concepção cênica. O espaço, aliás, tem cenografia de Gringo Cardia, profissional conhecido por assinar capas de discos e cenários de shows de artistas como as cantoras Maria Bethânia e Marisa Monte, para citar apenas dois nomes.
Dessa forma, os poemas de Carlos Drummond de Andrade aparecem impressos em figurinos masculinos numa ala e, em outra, as tramas da inconfidência mineira são contadas por atores que interpretam seus principais personagens em vídeos apresentados em quadros, com o frequentador confortavelmente instalado em poltronas que giram enquanto assiste a tudo, voltando a atenção de um quadro/televisor para o outro.
Percorrendo as salas, é possível ver ainda réplica da decoração de uma típica fazenda mineira, o artesanato local, as danças e folguedos típicos. Uma aula de Minas Gerais e uma homenagem à terra de Tiradentes, Clara Nunes, Darcy Ribeiro, Milton Nascimento e Fernando Sabino.
Com a consolidação do Circuito Cultural Praça da Liberdade, o objetivo da Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais é fazer daquele o mais importante corredor de museus e equipamentos do tipo no Brasil. Se não conseguiram ainda, estão muito perto de conseguir.
Serviço
Circuito Cultural da Praça da Liberdade
http://www.circuitoculturalliberdade.mg.gov.br/
Espaço TIM UFMG do Conhecimento
Praça da Liberdade, sem número. Telefone: (55) (31) 3409-8350
http://www.espacodoconhecimento.org.br/
Museu das Minas e do Metal
Praça da Liberdade, sem número. Telefone: (55) (31) 3516-7200
http://www.mmm.org.br/
Memorial Minas Vale
Praça da Liberdade, sem número. Telefone: (55) (31) 3343-7317
http://www.memorialvale.com.br/site/