São Paulo – O estado de Minas Gerais tem potencial para se tornar importante player do mercado mundial halal. Os mineiros já são exportadores de alimentos e bebidas a países muçulmanos, mas têm possibilidade de se firmarem como fornecedores de produtos com certificação halal, que atesta uma produção segundo as regras do Islã.
A capital mineira, Belo Horizonte, recebeu nesta terça-feira (11) o workshop “Como o halal impulsionará a internacionalização da sua marca”, no qual empresários e executivos foram incentivados a conhecer mais e ingressar nesse mercado. Os especialistas que palestraram destacaram as condições de Minas Gerais para fornecer ao nicho.
O evento fez parte das ações do projeto Halal do Brasil, levado adiante pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) com a meta de inserir maior número de produtores brasileiros no mercado halal global, especialmente os de alimentos e bebidas de maior valor agregado.
Os empresários presentes ficaram sabendo do tamanho do consumo de alimentos e bebidas halal no mundo, que em 2021 alcançou US$ 1,26 trilhão e em 2025 deve ir para US$ 1,66 trilhão, com crescimento de 32%. A população muçulmana era de 1,9 bilhão de pessoas em 2020 e deve chegar a 2,2 bilhão em 2030, segundo projeções internacionais.
No workshop foram apresentadas as características e movimentos desse mercado, como a presença de grandes marcas com certificação halal, a existência de uma grande fatia de consumidores jovens entre os muçulmanos, o aumento do uso do comércio eletrônico, a maior percepção internacional dos princípios éticos do halal e os incentivos públicos de países islâmicos para o desenvolvimento de produtos e do consumo de halal.
Por outro lado, o estado de Minas Gerais é um grande produtor de alimentos e bebidas, setor onde há forte demanda de itens halal. Dos US$ 6,4 bilhões que o Brasil forneceu a países muçulmanos em açúcar em 2022, US$ 850 milhões foram oriundos de Minas Gerais. O estado também participou com US$ 298 milhões dos US$ 512 milhões que o País forneceu em café para a região no ano passado e com US$ 212 milhões dos US$ 4,9 bilhões enviados em soja.
Os mineiros ainda vendem para os mercados muçulmanos carne de frango, carne bovina congelada, milho, óleo de soja, gorduras e óleos vegetais, extratos de malte e farinhas, carne bovina refrigerada, miudezas de carnes, doces e chocolates brancos, ovos, leite e creme de leite, entre outros. Os dados referentes a países islâmicos incluem produtos em geral, tanto os que são embarcados com a certificação halal quanto os que não possuem o selo.
Os empresários e executivos presentes que se interessaram pela obtenção da certificação halal foram convidados a participar do próximo passo no projeto Halal do Brasil, que será um treinamento com as certificadoras da área. Para inserir 500 empresas brasileiras nesse mercado serão investidos US$ 15,4 milhões pelo projeto Halal do Brasil entre 2023 e 2025. Serão foco das ações África do Sul, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Egito, Indonésia, Alemanha, França e Malásia, países muçulmanos ou apenas com presença de consumo halal.
No workshop, os participantes puderam conhecer um pouco do que é a certificação halal a partir de uma apresentação da Academia Halal Internacional, na qual souberam sobre o conceito do halal, como é feito o abate halal de animais, os ingredientes que são proibidos em produtos halal, no que consiste o processo da certificação, entre outros detalhes. Foram citados cases brasileiros de sucesso na área, como BRF, Grupo Zeppone, Polpanorte e Citrus Juice. Representante da Plena Alimentos, outro case, falou brevemente no evento.
O workshop foi promovido pelo projeto Halal do Brasil em parceria com o governo do estado de Minas Gerais, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sede). A secretária adjunta de Desenvolvimento Econômico, Kathleen Garcia (na foto de abertura da reportagem), falou no encontro, assim como o diretor de Promoção de Exportações da Sede, Marcello Faria, que conduziu a programação do evento.
Falaram no workshop também a diretora de Marketing e Conteúdo da Câmara Árabe, Silvana Gomes, o gerente de Inteligência de Mercado da instituição, Marcus Vinícius, a coordenadora de Qualidade da Fambras Halal e docente da Academia Halal Internacional, Elaine Carvalho, e o analista de Negócios Internacionais da ApexBrasil, Leonardo Rodrigues. Enviou mensagem de vídeo o analista de Negócios Internacionais da ApexBrasil, Laudemir André Müller.
Ainda neste mês serão promovidos outros dois workshops com o mesmo formato e sobre o mesmo tema, no interior de Minas. Os eventos são voltados para empresas que ainda não possuem selo halal, mas têm interesse em ingressar nesse mercado. Um dos workshops ocorre em Uberlândia, no dia 24 de abril, das 14h às 17h, no Auditório da Associação Comercial, e o outro acontece em Pouso Alegre no dia 26 de abril, também das 14h às 17h, na Câmara Municipal local. As inscrições são gratuitas e estão abertas.