Alexandre Rocha
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São Paulo – O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural da Argélia, Said Barkat, conheceu ontem (06) um pouco da cadeia produtiva da carne bovina brasileira. Ele esteve em Lins, no interior de São Paulo, e visitou uma fazenda Grupo Bertin, onde há um centro de inseminação artificial e laboratórios, e um abatedouro da empresa, onde estava sendo realizado o abate halal dos animais, de acordo com as exigências islâmicas.
Segundo o assessor da secretaria de relações internacionais do Ministério da Agricultura do Brasil, Rui Samarcos Lora, que acompanhou a visita, o ministro se reuniu com diretores do grupo e os convidou a ir à Argélia em busca de parcerias com empresas locais. Lora acrescentou que Barkat falou também sobre o melhoramento genético dos animais e da possibilidade de seu país comprar sêmen de bovinos brasileiros.
“Mas a conversa não ficou só nisso, ele falou de oportunidades para ampliar os negócios na área”, disse o assessor. O tema de reunião vai de encontro com o que Barkat disse na segunda-feira na Câmara de Comércio Árabe Brasileira e na Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec). Ele quer que companhias do ramo agropecuário invistam na Argélia e utilizem o país como plataforma de exportação para outros países da África e para a Europa.
O ministro, segundo Lora, tirou dúvidas sobre a certificação halal – estava junto um representante da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), que faz a certificação – e os diretores do Bertin explicaram como funciona o frigorífico. Márcio Caparroz, da Abiec, também acompanhou a visita.
O Bertin é um dos principais frigoríficos brasileiros, mas o grupo atua também em diversas outras atividades, como fabricação de cosméticos, couros, calçados de segurança, produtos de limpeza, produtos para animais de estimação, construção civil, saneamento básico, concessão de rodovias, geração de energia e hotelaria. Recentemente a empresa entrou no negócio do biodiesel.
O frigorífico já exporta para o mercado árabe, inclusive para a Argélia. Este ano a companhia participou da Gulfood, principal feira de alimentos do Oriente Médio, realizada em fevereiro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O grupo, segundo seu site na internet, tem 30 unidades produtivas e 30 mil funcionários.
Leite
Hoje o ministro Barkat continua seu périplo por agroindústrias. Ele estará em Uberlândia, Minas Gerais, onde vai visitar instalações da Itambé, indústria de laticínios que tem 27 cooperativas associadas, 8 mil fornecedores e 2,8 mil funcionários, segundo dados da própria empresa.
À noite ele segue para Brasília, onde amanhã vai se reunir com representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e com os ministros da Agricultura, Reinhold Stephanes, e do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel.
A carne e o leite estão entre os principais produtos importados do Brasil pela Argélia. De janeiro a setembro, de acordo com a Abiec, o país comprou 61 mil toneladas de carne bovina brasileira, o que rendeu receitas de US$ 81,1 milhões. No mesmo período, o país importou o equivalente a US$ 23,2 milhões em leite em pó e outros lácteos do Brasil.

