O ministro da Indústria e Comércio do Egito, Rachid Mohamed Rachid, estará no Brasil na próxima semana com o objetivo de aprofundar as relações econômicas e diplomáticas entre os dois países.
Ele virá acompanhado de uma delegação de empresários egípcios de diversos ramos, que vão participar de rodadas de negócios com representantes de companhias Brasileiras.
“Estamos olhando para o Brasil de uma maneira estratégica”, disse nesta quarta-feira (6) à ANBA a diretora-executiva do Departamento de Relações Internacionais do ministério egípcio, Mona Wahba. Segundo ela, Brasil e Egito são líderes políticos e econômicos em suas respectivas regiões.
“Acreditamos que é a hora certa para haver uma maior aproximação, com maior atenção aos negócios, cooperação técnica e investimentos”, acrescentou.
Na segunda-feira (11) pela manhã, o ministro vai participar de um seminário sobre oportunidades de negócios e investimentos na Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio), organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e aberto aos empresários do Brasil.
De acordo com Mona, Rachid não quer apenas falar das possibilidades de exportações egípcias ao Brasil e de investimentos brasileiros no Egito, mas também de mais vendas de mercadorias brasileiras ao país árabe e investimentos egípcios no Brasil.
Como exemplo de que o momento é oportuno, ela citou a fábrica de material elétrico que a egípcia El Sewedy vai abrir em Minas Gerais e a joint-venture recentemente fechada entre a Marcopolo e a egípcia GB Auto para fabricação de ônibus no país do Norte da África.
No mesmo dia, os 21 empresários da delegação, que são exportadores e importadores, vão ter encontros com companhias brasileiras. Eles representam setores como os de alimentos, têxtil, equipamentos médicos, construção, químicos, bancário, de autopeças, entre outros.
Ainda na segunda-feira, Rachid vai ter reuniões com representantes de grandes empresas brasileiras com interesse no Egito e representantes de entidades setoriais. Um dos encontros será com o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças).
“A idéia é conversar com representantes do setor para falar sobre o Egito como potencial de investimentos, já que o país tem grandes montadoras, como GM, Volkswagen, Mercedes, Suzuki, Fiat e agora a Marcopolo”, disse o secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby.
Diplomacia
Na terça-feira o ministro segue para Brasília, onde terá encontros com os ministros Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Celso Amorim (Relações Exteriores) e Edison Lobão (Minas e Energia).
Na quarta-feira ele estará com o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes.
Entre os temas que devem ser discutidos, segundo Mona, está o andamento das negociações do tratado comercial entre o Mercosul e Egito, já iniciadas, mas ainda não concluídas.
Após o colapso da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC), o ministro Amorim já disse que o Brasil voltará a dar atenção especial às negociações bilaterais.
Egito e Brasil fazem parte do G-20, bloco de países em desenvolvimento que atuavam em conjunto em determinadas discussões da OMC, pelo menos até a última reunião ministerial da entidade em Genebra.
“É importante agora haver uma coordenação, um alinhamento positivo entre os líderes dos países em desenvolvimento”, disse a diretora.
Mona afirmou também que estará na delegação do seu país um representante do Ministério da Agricultura, que vai discutir com as autoridades brasileiras o fim da barreira às exportações de gado vivo do Brasil ao Egito.
A idéia, se as negociações caminharem, é assinar um protocolo nesse sentido ainda na semana que vem.
Fábrica egípcia
Na última etapa da viagem, na quinta-feira, Rachid vai a Belo Horizonte, onde vai se encontrar com o governador Aécio Neves e participar da inauguração da fábrica da El Sewedy, batizada de Electro Meters e aberta em parceria com uma empresa brasileira.
Conforme a ANBA antecipou em reportagem publicada em março, trata-se de um investimento de US$ 5 milhões.
Rachid assumiu o ministério em julho de 2004, tornando-se o primeiro empresário a assumir o cargo, segundo o site do órgão na internet.
Ele é formado em engenharia mecânica pela Universidade de Alexandria e fez cursos de extensão nas universidades de Harvard e Stanford e no MIT, todas instituições norte-americanas.
O Egito é um dos principais parceiros comerciais do Brasil no mundo árabe e grande importador de commodities. As exportações brasileiras para lá renderam US$ 544 milhões no primeiro semestre deste ano.
Os principais itens da pauta foram carne bovina, minério de ferro, açúcar, chassis com motor para ônibus, alumina calcinada, fumo, óleo de soja, frango, papel kraft e soja em grãos.
As importações de produtos do país árabe, por sua vez, somaram US$ 68,6 milhões, um aumento de 410% sobre o primeiro semestre do ano passado.
Os principais produtos desembarcados no Brasil foram fertilizantes, algodão, negros de carbono, couros e fios de algodão.