São Paulo – O ministro da Indústria, Minas e Energia da Tunísia, Kamel Ben Naceur, visita São Paulo nesta semana em busca de novos parceiros comerciais para o país do Norte da África. Nesta segunda-feira (05), ele esteve na abertura da 30ª edição da feira da Associação Paulista de Supermercados (Apas) e inaugurou o estande da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
“Vim para promover a nova Tunísia”, afirmou Naceur à ANBA durante o evento. Nesta terça-feira (06), ele participa do fórum “Brasil-Tunísia: oportunidades a abraçar”, organizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), com apoio da Câmara Árabe. Confira os principais trechos da entrevista:
ANBA – Qual o motivo da sua visita ao Brasil e à feira Apas?
Mohamed Bem Naceur – Vim para promover a nova Tunísia, depois da revolução de2011, em que tivemos a adoção de uma nova Constituição. Essa Constituição foi resultado de um diálogo nacional, e agora resultará em eleições livres, democráticas e transparentes. É o que estamos chamando de “start-up democracy” (democracia iniciante). Estamos promovendo o aumento dos negócios e investimentos. As trocas comerciais com o Brasil poderiam ser bem maiores. Poderíamos formar uma parceria entre o Brasil, a Tunísia e outros países da África.
Em que áreas os negócios podem prosperar?
Também realizaremos o fórum para apresentar a nova Tunísia. Temos empresários interessados em atuar com o Brasil e temos produtos que interessam ao Brasil, como os fertilizantes. Nossa produção de fertilizantes caiu nos últimos anos, mas já voltou a crescer aos seus maiores níveis.
Em que outros setores Brasil e Tunísia podem ampliar sua troca comercial e promover parcerias técnicas?
Os países têm atuação forte na agricultura. A Tunísia tem azeites de oliva para exportar. Por outro lado, o Brasil tem expertise em setores como o de processamento de aves e produção de ovos, em que poderíamos trabalhar juntos. Também temos indústria, especialmente o desenvolvimento da indústria aeronáutica. Poderia haver uma cooperação entre empresas neste setor, como a Embraer, para exportar peças e produtos para a Europa, pois não temos impostos. O mercado aeronáutico que mais cresce é o do Oriente Médio e nós estamos perto dele.
Do que a Tunísia mais precisa hoje?
A revolução ocorreu devido ao desejo do povo de obter condições de trabalho decentes e para desenvolver as regiões pouco avançadas do país. Nós precisamos de mais investimentos e temos que adequar melhor as necessidades de crescimento do país com a educação que oferecemos, além de desenvolver as regiões ainda carentes. A região costeira é onde está o maior desenvolvimento da Tunísia. Precisamos crescer no interior.
O senhor está se reunindo com empresas brasileiras nesta passagem por São Paulo. Pode nos dizer que companhias são e os temas destes encontros?
Uma é a Vale, que tem uma expertise no setor de mineração. Pode ser possível trabalharmos no desenvolvimento sustentável de novas minas de fosfato na Tunísia.


