Marina Sarruf
São Paulo – O ministro da Administração Local e do Meio Ambiente da Síria, Helal Alatrash, quer levar a experiência brasileira nos sistemas de transporte coletivo, saneamento básico, construção civil e no controle de poluição ambiental para o país árabe. "O Brasil é líder mundial na preservação e adoção de medidas para o meio ambiente", afirmou Alatrash para ANBA. O ministro chegou em São Paulo na terça-feira (28) e volta para Síria hoje à noite.
O ministro veio ao Brasil a convite da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, para participar da Convenção sobre Diversidade Biológica, em Curitiba, no Paraná. Alatrash viajou acompanhado pelo diretor geral da Comissão Geral dos Assuntos do Meio Ambiente da Síria, Akram Al khoury, e do diretor das Normas e Planejamento do Ministério, Erfan Ali.
Em Curitiba, Alatrash disse que ficou impressionado com o sistema de transporte coletivo. "O sistema é bem organizado e não há tanto congestionamento. Não há confusão nos viadutos e nos transportes subterrâneos", disse. Outro ponto que chamou a atenção do ministro foi a construção civil. "Há prédios muito altos, que abrigam um grande número de pessoas. Isso ajuda a resolver o problema habitacional, por exemplo. É uma experiência que pode ser levada para a Síria", completou.
Após o encerramento da conferência em Curitiba, o ministro e seus acompanhantes vieram a São Paulo, onde visitaram a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb).
"Achei o sistema de fornecimento e tratamento de água no estado de São Paulo muito avançado. As técnicas utilizadas correspondem às técnicas que nós almejamos e queremos trabalhar na Síria", afirmou Alatrash, que conheceu todo o sistema de saneamento da Sabesp, maior empresa do setor da América Latina.
Alatrash também ficou interessado na política de cobrança das tarifas de água utilizada pela empresa, que oferece taxas diferentes para clientes comerciais, industrias e residenciais. "Achei muito justo esse sistema de cobrança porque as classes menos favorecidas são beneficiadas com tarifas mais baixas. Queremos evoluir esse estudo na Síria, que já existe, mas não é de uma forma tão detalhada quanto no Brasil", disse.
A Sabesp atende 368 municípios no estado de São Paulo, o que corresponde a 25 milhões de pessoas. O trabalho da empresa, que tem 15,5 mil funcionários, é tratar a água dos esgotos e levar água limpa à população. A empresa conta com mais de 85 mil quilômetros de redes de distribuição de água e coleta de esgoto e mais de nove milhões de ligações de água e esgoto em todo o estado de São Paulo. "A forma de administração da empresa merece um grande destaque", disse o ministro.
De acordo com o superintendente da Sabesp, Edison Airoldi, a visita do ministro da Síria abre portas para uma futura troca de informações e experiências. "Recentemente saiu uma lei que a Sabesp está autorizada a prestar serviços fora do país. Isso vai possibilitar a nossa atuação em outros mercados", comemora Airoldi.
Transferência de tecnologia
Em visita a Cetesb, órgão que regula os padrões de qualidade das águas, do ar e do solo, o diretor sírio do ministério, Ali, demonstrou interesse em fazer um acordo de transferência tecnológica com a entidade. "Tive uma impressão muito boa da Cetesb. Eles têm uma experiência ampla nos assuntos do meio ambiente. Vou tomar as providencias burocráticas na Síria para assinarmos um acordo no futuro", afirmou.
Um dos principais interesses de Ali durante encontro com o presidente da Cetesb, Rubens Lara, e diretores, foi em relação aos mecanismos de controle e fiscalização das empresas poluidoras. Ali ainda citou que os maiores problemas ambientais da Síria são as questões do desperdício da água e os acidentes com petróleo.
Para o secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, que participou do encontro, a assinatura de um acordo com a Cetesb, para transferência de tecnologia, abre caminhos para que no futuro o Brasil também possa exportar equipamentos técnicos para o controle de poluição ambiental.
Segundo Lara, as exportações brasileiras para a Síria vêm aumentando e isso mostra a necessidade de um intercambio e uma aproximação maior com o país árabe. "Não só na área comercial, mas podemos ter uma aproximação na área científica e ambiental, que interessa a todo o planeta", afirmou.
Mais encontros
A delegação síria também visitou nesta quarta-feira o Grupo Schahin, que atua em setores como infra-estrutura, construção civil, telecomunicações, exploração de petróleo e gás, bancário e de transmissão de energia elétrica. Os sírios foram convidados para participar da homenagem do Dia da Comunidade Árabe em São Paulo, que foi realizada no Clube Homs, ontem à noite.

