Isaura Daniel
São Paulo – O ministro da Educação, Fernando Haddad, parte para uma viagem ao Líbano e à Síria no próximo final de semana com a meta de conhecer melhor as iniciativas de ensino do português na região. "Quero ver de perto como é o ensino de português lá", disse o ministro em entrevista exclusiva por telefone à ANBA. As aulas de português são comuns nas escolas que atendem colônias de imigrantes brasileiros, principalmente no Líbano. O ministro, descendente de libaneses, fica no Líbano nos dias 26 e 27 e na Síria no dia 28. Depois ele visita Israel.
Haddad pretende avaliar a possibilidade de instalar um braço do Instituto Machado de Assis no Líbano. O instituto, cuja idéia foi lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no segundo semestre do ano passado, está em fase de criação e servirá para difundir a língua portuguesa no Brasil e no mundo. De acordo com Haddad, há a possibilidade de que ele funcione de maneira semelhante ao Instituto Camões, de Portugal, e ao Instituto Cervantes, da Espanha. Os dois são mantidos pelos governos dos respectivos países e têm unidades espalhadas pelo mundo.
O ministro deixa claro, porém, que a extensão do Instituto Machado de Assis no Líbano é apenas uma possibilidade a ser avaliada. Independentemente disso, o ministro quer colaborar com o ensino de português no mundo árabe. "Há uma demanda pelo português. Quero ver o que o Brasil pode fazer para atender esta demanda", afirma. De acordo com Haddad, a viagem ao Oriente Médio segue a determinação do presidente Lula e da Cúpula dos Países Árabes e Sul-Americanos de aproximar as duas regiões nas áreas de cultura e educação.
"O presidente Lula orientou o Ministério da Educação a buscar aproximação com todo o Oriente Médio", diz. Durante a viagem, vai ser assinado um acordo de cooperação educacional com o Ministério de Educação do Líbano, com o objetivo de fomentar o ensino do idioma árabe em universidades brasileiras e do português em universidades libanesas. Também outras áreas, como história, literatura e arqueologia, estão contempladas no acordo, segundo informações da assessoria do Ministério.
Além do enriquecimento cultural, de acordo com Haddad, o ensino dos dois idiomas deve facilitar as relações comerciais. "Hoje a integração econômica é muito pautada pela possibilidade de interação efetiva", explica. Ele lembra dos Estados Unidos, onde está havendo um amplo aprendizado do mandarim, idioma utilizado na China, cuja economia vem ganhando cada vez maior relevância no cenário mundial. "Quando você quer se aproximar de uma região, o primeiro obstáculo a superar é a língua", diz.
Pós-graduação
O ministro brasileiro viaja ao Oriente Médio acompanhado do presidente da Cooperação de Aperfeiçoamento de Pessoas de Nível Superior (Capes), Jorge Guimarães. Na Síria eles se encontram com o ministro de Educação, Ali Saad, e visitam a Universidade de Damasco.
De acordo com Haddad, o intercâmbio em pós-graduação será um dos principais temas de discussão com os sírios. A idéia é que professores brasileiros façam pós-graduação na Síria e também sírios no Brasil. No Líbano, Haddad se encontra com o ministro de Educação, Khalel Qabbani, e visita a Universidade de Beirute.
Filho de libaneses
No domingo, dia 26, ele vai participar da inauguração da Biblioteca Cury Habib Haddad, que leva o nome do seu avô. Cury foi padre da Igreja Cristã Ortodoxa e é conhecido no país por seu trabalho junto às vitimas do conflito do Líbano com a França. Ele morreu há 45 anos.
O avô de Haddad chegou a morar no Brasil, no final da sua vida, já que os seus filhos haviam se mudado para o país. O pai do ministro, Khalil Haddad, veio para o Brasil em 1947 para trabalhar como comerciante.

