São Paulo – Uma missão de empresários da Palestina está no Brasil para tornar mais direta a relação comercial e de turismo entre os dois países. O grupo começou as atividades na capital paulista nesta segunda-feira (15), com uma reunião na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, e segue a agenda até a sexta-feira (19), a maioria dos dias coincidindo com o período da feira supermercadista Apas Show, que será visitada pela delegação.
A Palestina tem comércio com o Brasil, mas boa parte do fluxo passa por Israel. O mesmo acontece no turismo. A Palestina recebe visitantes brasileiros, mas grande parcela das pessoas vai à região através de agências de viagens israelenses, o que não favorece o uso das estruturas turísticas palestinas como os hotéis. O transporte de mercadorias também é prejudicado pela falta de uma rota marítima direta.
Sobre essa realidade e a vontade de criar um fluxo sem intermediários na relação Brasil-Palestina, o grupo de empresários conversou com o secretário-geral e CEO da Câmara Árabe, Tamer Mansour, e com outros executivos da entidade, nesta sexta pela manhã. A missão palestina ao Brasil é promovida pelo Fórum de Empresários Palestinos, cujo presidente, Amer Osaily (foto de abertura), lidera a delegação que está em São Paulo.
De acordo com Osaily, o objetivo é expandir os negócios com o Brasil em seis setores de atuação da entidade que preside, que são o industrial, comercial, de construção, serviços, agrícola e médico. A instituição também tem boas conexões com o setor de educação e trabalha pelo turismo, onde quer ver um fluxo direto de visitas de brasileiros. “Temos a capacidade, temos toda a infraestrutura para isso”, disse Osaily à ANBA.
Osaily acredita que a participação na Apas será uma oportunidade para reuniões B2B e o início de um comércio mais direto. Os palestinos têm interesse tanto em exportar como em importar do Brasil, nesse último caso desde matérias-primas até produtos prontos para o consumo. Osaily cita produtos que a Palestina tem disponíveis para vender ao mercado brasileiro, como pedras, tâmaras, vegetais, flores, azeite de oliva e outros. “Temos muitos produtos. Poderíamos exportá-lo diretamente ao Brasil”, afirma.
O empresário acredita que o acordo de livre comércio Mercosul-Palestina poderia ajudar a impulsionar os negócios. O tratado foi assinado em 2011 e ratificado pelo Congresso Nacional brasileiro, mas ainda falta a ratificação na Argentina, Paraguai, Uruguai e Palestina. A Palestina ratificando a acordo, porém, ele já poderia ser aplicado com o Brasil. “Estamos falando de zero taxação, o que ajudará o consumidor”, diz Osaily.
Na reunião na Câmara Árabe, o líder da delegação citou o incentivo do embaixador Alessandro Candeas, chefe do Escritório de Representação do Brasil em Ramallah, e do embaixador da Palestina em Brasília, Ibrahim Alzeben, ao desenvolvimento da relação Brasil-Palestina. O grupo teve reunião com Candeas na Palestina antes da viagem.
Empresas palestinas
As empresas que compõem a delegação palestina no Brasil são 11. Elas trabalham com produtos e setores como bebidas energéticas, uniformes, utilidades domésticas, construção, máquinas, entre outros. A meta de Amer Osaily é ter um pavilhão dedicado ao seu país, a Palestina, na próxima edição da Apas.
Participaram do encontro na Câmara Árabe pela delegação palestina Mohsen Sharawi, CEO da empresa Sharawi Investment & Trade, Sufyan Sami, gerente da Filial Sul da Palestine Poultry Co. (Aziza), Ali Darwish, gerente de Negócios da De-Brasil, Mamoun Manasra, diretor financeiro da Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal), e o empresário Nadeem Abu Sirrieh.
Câmara Árabe
Além de Mansour, estiveram com a delegação palestina outros executivos da Câmara Árabe, entre eles o diretor de Novos Negócios, Guilherme Fedozzi, o analista de Negócios Internacionais, Leonardo Machado, e o gerente de Inteligência de Mercado, Marcus Vinícius. Eles falaram aos palestinos sobre o mercado brasileiro de alimentos e as peculiaridades da negociação com os brasileiros.