São Paulo – Investir em inovação e design para ganhar competitividade no mercado externo. Esta é a estratégia dos setores calçadista e têxtil brasileiros para fazer frente aos concorrentes estrangeiros. Diante da necessidade de se destacar em um mercado tão disputado quanto o da moda, as principais associações brasileiras do setor uniram-se para realizar ações conjuntas que melhorem desde o desenvolvimento dos produtos até sua divulgação em outros países.
O grupo reúne a Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Associação Brasileira de Estilistas (Abest), Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) e o Instituto Nacional de Moda e Design (In-Mod).
"O grupo atua em duas frentes", conta Ilse Guimarães, superintendente da Assintecal. "A primeira delas é conduzida pela Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e trabalha na criação de uma marca que identifica a moda brasileira para o mercado internacional", revela. Segundo Ilse, já foi realizada pesquisa para a criação da marca e, atualmente, o grupo está discutindo o posicionamento que a moda brasileira deve ter internacionalmente.
A segunda frente, diz Ilse, é trabalhar sobre a inspiração da moda nacional. Para isso, o grupo conta com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). "Já temos 20 consultores de design que trabalham dentro das empresas", revela. O trabalho de consultoria iniciou com as indústrias coureiro-calçadista e, agora, está sendo integrado à indústria têxtil.
Ilse conta que o trabalho junto às empresas começou em 2002, com 17 companhias. Hoje já são 137 e a meta é chegar a 240 até o final de 2013. Sobre o que levou as associações a se reunirem, Ilse diz: "Começamos a sentir que precisávamos agregar valor ao produto para poder competir".
Ela diz que é difícil definir um conceito do que seja moda brasileira, mas dá a sua visão sobre o assunto. "A moda brasileira, na minha opinião, é a que transmite o estilo de vida brasileiro", afirma. "Hoje, vemos uma moda italiana massificada. As pessoas começam a querer algo que tenha uma origem (definida)", explica.
O trabalho das associações também recebe o apoio de órgãos como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e o Ministério da Cultura.
Em relação aos valores envolvidos, Ilse conta que a Assintecal possui um convênio de dois anos com a Apex, no valor de R$ 18 milhões, para a realização de ações internacionais; e um convênio de R$ 4 milhões com o Sebrae para a realização de ações internacionais e relativas ao design. Sobre os mercados-alvo, a superintendente diz que eles ainda estão sendo definidos pelas entidades.
Sobre a desvalorização do dólar, que vem prejudicando as exportações brasileiras, especialmente de produtos manufaturados, como calçados e roupas, Ilse não reclama. "Não adianta ficar brigando com algo que é irreversível. Temos que procurar outras maneiras de ter competitividade", declara.

