São Paulo – A 2ª Mostra de Cinema Egípcio Contemporâneo será totalmente virtual neste ano. É mais uma mudança acarretada pela pandemia de coronavírus, cuja curva de contaminação não cede no Brasil desde o início de junho. “É a primeira vez em nossa história de 30 anos que realizamos uma mostra cinematográfica totalmente online e gratuita”, afirmou Sueli Voltarelli, gerente geral do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Rio de Janeiro. Na foto acima, o filme de terror O Elefante Azul 2.
A mostra é gratuita e acontece de 29 de julho a 23 de agosto, no site www.cinemaegipcio.com. O evento faz parte da campanha #CCBBemCasa, que reúne esforços da instituição para oferecer conteúdo digital durante o fechamento temporário das unidades.
A mostra apresenta 24 títulos selecionados pelo produtor e curador Amro Saad, egípcio naturalizado brasileiro. São obras realizadas entre 2011 e 2019 que revelam a nova geração de cineastas egípcios em diversos gêneros – da comédia ao terror. “Eu estava buscando uma resposta sobre o que aconteceu depois de 2011 na produção cinematográfica no Egito. O projeto estava na minha cabeça faz tempo, acompanhando essas produções e tentando analisar os temas tratados nos filmes, as técnicas, a qualidade da produção e os avanços com relação à quantidade de produção nestes anos”, explicou o curador à ANBA por telefone.
A ideia é apresentar ao público brasileiro o avanço do setor ao longo destes anos. Para Saad, a transformação ocorreu em aspectos técnicos, como na qualidade melhor do processo da imagem, mas também nos processos sociais vividos no país árabe. Essa última, se reflete em pelo menos 99% das obras cujos diretores são jovens da nova era do cinema egípcio. “O mundo todo passou por muita coisa neste tempo, de cinema, arte. O que chama mais a atenção é essa ideia de conversar sobre assuntos que não era possível falar antes. Esses jovens conseguiram abrir esse espaço para ter esse diálogo com essa sociedade”, afirmou.
O formato virtual da mostra permitiu um alcance ampliado de público para dialogar com as obras. Apesar disso, o curador espera ansioso pelo dia em que conseguirá voltar a oferecer eventos como esse em salas de cinema. “Quero conseguir voltar a fazer cinema em salas de cinema, quando passar esse período. Em teatro e cinema é bom ver o público ao vivo. Claro que estamos respeitando esse momento [quarentena] para não deixar de ter cultura. A cultura também cura. Não é a vacina só que vai nos salvar, mas também arte, música, cinema. Faz parte desse nosso processo de voltar à realidade. Fico feliz de participar disso. Não quero normalizar isso [o distanciamento social]. É uma fase, vai passar”, declarou.
Programação
Além da exibição diária dos filmes, serão realizados workshop, palestra e debate com diretores. A sessão especial de abertura será com o documentário Para onde foi Ramsés?. Na ocasião, haverá um debate com o curador e o diretor Amr Bayoumi, além de um show da banda Mazaher, transmitido diretamente do Cairo.
Entre os destaques da mostra estão o filme de terror O Elefante Azul 2 (2019), de Marwan Hamed, o maior sucesso de bilheteria da história do cinema egípcio; o documentário Joana d’Arc Egípcia (2016), de Iman Kamel, que discute as experiências das mulheres egípcias após a revolução de janeiro de 2011; a comédia Como um palito de fósforo (2014), de Hussein Al Imam, que homenageia as grandes estrelas da Era de Ouro do cinema egípcio; e Eu tenho uma foto (2017), documentário de Mohamed Zedan que conta a história do cinema egípcio através da trajetória de Motawe Eweis, figurante que trabalhou em cerca de mil filmes, desde os anos 40 até hoje.
Serviço
2ª Mostra de Cinema Egípcio Contemporâneo
29 de julho a 23 de agosto de 2020
http://www.cinemaegipcio.com
Centro Cultural Banco do Brasil – #CCBBemCasa