São Paulo – A 39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo começa na próxima quinta-feira (22) com 311 filmes de 62 países em cartaz. Todos serão exibidos até 04 de novembro, entre eles produções recentes e antigas dos países árabes. Cinco longas-metragens de 2014 e 2015 foram filmados no Egito, Síria e na Palestina.
Além destes filmes, um documentário marroquino e dois longas-metragens egípcios foram recuperados pela The film foundation, instituição criada pelo cineasta norte-americano Martin Scorsese para recuperar produções do mundo inteiro. Neste ano, a fundação completa 25 anos e é homenageada na mostra com a exibição de 25 dos 700 filmes que foram recuperados desde sua criação. Scorsese dirigiu, entre outros, “Taxi driver” (1976), “Os bons companheiros” (1990) e “Os Infiltrados”, produção que lhe rendeu o Oscar de melhor diretor em 2006.
A diretora da mostra, Renata de Almeida, afirmou à ANBA nesta quinta-feira (15) que um dos objetivos da edição deste ano é apresentar o trabalho de restauro da fundação de Scorsese e assim preservar a memória do cinema.
“Nós já pensávamos em fazer esse retrospecto no ano passado e mostrar a situação da Cinemateca Brasileira (que também preserva e restaura filmes no Brasil e passava por uma crise), mas com a celebração dos 25 anos decidimos deixar para 2015. O Scorsese começou o projeto com os filmes italianos, pois é descendente e tem forte ligação com aquele cinema, depois com os norte-americanos e então com produções do mundo inteiro. Eles, inclusive, procuraram cineastas árabes que indicaram os filmes icônicos dos seus países para restauração”, afirmou.
A diretora da mostra afirmou que as produções árabes que estarão em cartaz atraem descendentes e integrantes da comunidade árabe brasileira e mostram a situação dos países retratados. “Eles acabam por transmitir um conhecimento sobre a cultura e a região e também são esclarecedores para o público”, disse.
Em cartaz
O filme “A mãe” (2015), de Basil Al Khatib, mostra como o conflito na Síria afeta a vida da população. Nele, seis filhos tentam chegar ao funeral da mãe em um vilarejo remoto. Cada um enfrenta, porém, uma jornada em busca do último adeus. Em “Quatro horas no paraíso”, Mohamed Abdulaziz retrata encontro das vidas de sete personagens no curso de um dia em Damasco, a capital síria.
Filmado em preto e branco “Decor” (2014), do diretor egípcio Ahmad Abdalla, mostra a transição do mundo real e do mundo imaginário da personagem Maha, que busca no seu imaginário fugir da pressão do cotidiano.
O cinema egípcio é retratado em dois outros filmes, estes recuperados pela fundação de Scorsese: “A múmia – a noite da passagem dos anos” (1969) mostra o contrabando de múmias e relíquias encontradas em sítio arqueológico em 1881. “O camponês eloquente” (1969) é ambientado entre 2.160 a.c. e 2.025 a.c. e retrata a história de um agricultor que é acusado de roubo por invadir por acaso as terras de um nobre.
Ainda entre os filmes restaurados, o documentário marroquino “Transes” (1981) acompanha a trajetória da banda “Nass El Ghiwane”, que se tornou sucesso internacional com suas letras politizadas nos anos 1970.
No documentário “Nós, eles e eu” (“Nosotros, ellos y yo”), o diretor argentino Nícolas Avruj, de família judaica, reconstrói em 2015 o período em que viveu entre Palestina e Israel 15 anos antes. No longa-metragem, o diretor mostra sua experiência vivendo entre as duas realidades em duas ocasiões e também a evolução do seu trabalho no período. O documentário é uma coprodução entre Palestina, Israel e Argentina. Palestinos, israelenses e franceses assinam a produção de “Sport”, formado por cinco filmes distintos que têm a prática esportiva como tema para retratar a realidade de palestinos e israelenses.
A mostra de cinema é composta ainda por diversas atrações. Entre elas, serão exibidos cinco filmes restaurados do diretor italiano Mario Monicelli, em celebração ao seu centenário. O cinema dos países nórdicos recebe atenção especial, com exibição de 60 títulos de Finlândia, Islândia, Noruega, Suécia e Dinamarca.
O filme mudo “Meu único amor” (1927), de Sam Taylor, será exibido em 31 de outubro, ao ar livre no Parque Ibirapuera. A exibição será acompanhada pela Orquestra Sinfônica de Heliópolis, que será regida pelo compositor norte-americano David Michel Frank, autor de uma trilha original para o filme criada em 1999.
Serviço
39ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
De 22 de outubro a 04 de novembro, São Paulo-SP
Mais informações no site http://39.mostra.org/br/home/


