São Paulo – A Mostra Mundo Árabe de Cinema chega neste ano à sua 20ª edição em uma programação dividida em duas sedes, 12 filmes inéditos e cinco reexibições. Criada pelo Instituto da Cultura Árabe (Icarabe) e realizada em parceria pelo CineSesc e o Centro Cultural Banco do Brasil, a mostra tem o patrocínio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira. Os filmes serão exibidos pelo CineSesc entre 13 e 19 de agosto e pelo Centro Cultural Banco do Brasil entre 16 de agosto e 7 de setembro.
O filme de abertura “Tudo o que resta de você”, da diretora palestino-americana Cherien Dabis será exibido na quarta-feira (13), às 20h. Inédita, a produção retrata as consequências de um embate entre um adolescente palestino e soldados israelenses. Esta exibição terá a presença especial da diretora Isabel Fernandez, de “Os construtores de Alhambra”. Diretor da Câmara Árabe e curador do evento, Arthur Jafet afirma à ANBA que a mostra completa 20 anos como um espaço de escuta, memória e presença.

“Nestes 20 anos, conseguimos construir pontes simbólicas entre o Brasil e o mundo árabe não apenas por meio da representação, mas através de uma linguagem cinematográfica viva, plural, muitas vezes marginalizada pelos circuitos tradicionais. O balanço que faço é o de uma travessia firme: a Mostra se consolidou como referência na América Latina, oferecendo ao público brasileiro contato direto com estéticas, narrativas e questões que ressoam tanto nas ruas de Beirute, Cairo e Jerusalém quanto nas de São Paulo. E isso é muito significativo”, diz.
Entre os filmes em cartaz na mostra estão Arzé (2024), de Mira Shaib, em que uma mãe libanesa se reinventa em busca de um futuro melhor para o filho. “Sudão, lembre-se de nós” (2024) é um documentário filmado pouco antes do começo do atual conflito no país africano e registra os desafios dos jovens sudaneses. De Kamal Aljafari, a mostra apresentará “Verão de 1982” (2023), outro documentário que retrata a recuperação que o produtor fez de arquivos do Centro de Pesquisa Palestino de Beirute, confiscados em 1982.
Longas-metragens que marcaram os 20 anos de mostra voltam para o cartaz nesta edição. É o caso de “Cinco câmaras quebradas” (2011), que retrata a resistência civil palestina em meio a uma ocupação, e o argelino Harragas (2009), que traz à cena a tentativa de jovens buscarem uma vida melhor atravessando o mar com destino à Europa.
Jafet afirma que, neste ano, a seleção das produções foi feita a partir de quatro eixos curatoriais: recuperação de imagens e arquivos, escuta do cotidiano, herança familiar e reconstrução simbólica e que a cada edição do evento o objetivo é “dar voz” às diferentes camadas de experiência, seja da memória, seja da ocupação territorial.
Sessões de debate
“O cinema árabe nos convida a sair das caricaturas, das visões homogêneas e dos estereótipos. Ele nos mostra sociedades em movimento, subjetividades complexas, contradições internas — e isso é precioso. Ao acompanhar esses filmes, aprendemos que o mundo árabe não se resume a conflito ou tradição: ele também é invenção, modernidade, humor, resistência cotidiana e desejo de futuro”, afirma o curador.
A mostra terá, além das exibições dos filmes, sessões de debates. Isabel Fernandez participará de uma delas no CineSesc em 16 de agosto após a exibição do seu filme (que começa às 17h30). O CCBB recebe o debate de “Rostos da Palestina: exílio, herança e resistência no cinema” no sábado, 23, a partir das 18h30.
Você pode conferir a programação completa, locais e endereços neste link.


