Dubai – A Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe (Cepal) divulgou nesta quarta-feira (11), último dia do Annual Investment Meeting (AIM), em Dubai, uma prévia de seu relatório sobre investimentos estrangeiros diretos (IED) na região, que será lançado em junho.
“O fluxo de IED para a região caiu nos últimos dois anos, mas o tipo de investimento e os setores mudaram, foram mais recursos para a indústria de transformação, serviços e energias renováveis”, disse o vice-secretário-executivo da Cepal, Mario Cimoli, em painel sobre a região.
O levantamento mostra que 90% da queda registrada no fluxo de investimentos para a América Latina e Caribe ocorreu na exploração de recursos naturais, enquanto a indústria e os serviços resistiram a este recuo, ao passo que o segmento de energias renováveis tem atraído mais capital.
“Há uma nova maneira de pensar os investimentos na região”, afirmou Cimoli. “Isso não quer dizer que as áreas de recursos naturais ou de imóveis não sejam boas para investimentos, mas há uma transição”, acrescentou. A Cepal avalia que esta mudança pode contribuir para a diversificação industrial e para a sustentabilidade na América Latina.
“Temos recebido um fluxo crescente de investimentos na indústria nos últimos anos, principalmente no setor automotivo”, disse o presidente da Agência Paraná de Desenvolvimento (Investe Paraná), Adalberto Netto, um dos participantes do painel. “Só nos três primeiros meses deste ano o Paraná recebeu R$ 7 bilhões em investimentos, e há espaço para crescer, pois a indústria representa apenas 22% da economia do estado”, destacou.
No ano passado, o Brasil como um todo recebeu US$ 70,3 bilhões em IED, um recuo de 10% em comparação com 2016. “O Brasil continua a ser o maior recebedor de IED na América Latina”, observou Cimoli.
Participou do painel também a diretora de Promoção de Investimentos da Agência de Promoção de Investimentos da Costa Rica (Cinde, na sigla em inglês). Ela contou sobre o processo de transformação da economia do país de eminentemente agrícola para polo de indústrias de alta tecnologia, como de informática, equipamentos médicos e componentes eletrônicos.
“Nossa visão é que a Costa Rica não é um grande mercado (o país é pequeno), mas a região é, então é possível atingir uma grande população. Decidimos então abrir a economia, negociar acordos de comércio e estabelecer zonas francas”, declarou. Segundo ela, a nação da América Central recebe cerca de US$ 3 bilhões em IED por ano, sendo que 50% disso vai para zonas francas, onde a produção é destinada à exportação.
O painel contou com o vice-ministro de Comércio Exterior e Investimentos de Cuba, Antonio Corona, e com o presidente da Agência Estatal de Energia do estado mexicano de Vera Cruz, Pablo Puig.
Mario Cimoli disse ainda que a Cepal decidiu apoiar os países latino-americanos na atração de investimentos, pois a região costuma “olhar muito para o próprio umbigo, sem comunicação com o exterior”. “Então a Cepal está se movimentando para apoiar a ação de promoção de investimentos na América Latina”, declarou.