São Paulo – A situação das mulheres de negócios em meio à pandemia de coronavírus foi tema de palestra promovida pelo Wahi – Comitê de Mulheres da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, durante o segundo dia do Fórum Econômico Brasil & Países Árabes nesta terça-feira (20). Participaram a presidente da Federação das Mulheres de Negócios do Kuwait, Hessa Al Sabah, e a representante da América Latina no Women in Business do G20 da Arábia Saudita, Delia Raquel Flores (foto acima).
Flores afirmou que as mulheres precisam estar no poder, e não apenas empoderadas, para desbloquear uma transformação real no cenário global. “O governo e as organizações multilaterais devem dar o exemplo, estabelecendo padrões e identificando o que é bom para o crescimento das empresas pertencentes a mulheres. Para isso, nossa principal recomendação é acelerar a ação governamental para garantir a prioridade à paridade de gênero nas empresas e que as mulheres sejam parceiras iguais em negócios”, disse.
O conselho do Women in Business atua em algumas áreas principais, listadas por Flores. “Nivelar o campo de jogo, onde as mulheres e o progresso do potencial de liderança das mulheres podem ser desbloqueados, reformando leis, por exemplo, licença maternidade e paternidade”, exemplificou. Fazem parte da lista a promoção de ambiente inclusivo, o estímulo ao empreendedorismo feminino e a amplificação de sinergias incluindo diversidade de mulheres nas mesas onde se tomam as decisões, entre outras.
Para alcançar esses objetivos, Flores afirma que é preciso haver uma ação tangível e também uma verdadeira transformação cultural, que tenha um ambiente onde mulheres e homens apoiem a igualdade e a liderança em um trabalho complementar. “Vamos trabalhar juntos para alcançar um progresso concreto e sustentado”, concluiu.
Pandemia
Al Sabah afirmou que a crise aumentou os fardos das mulheres, que têm que lidar com questões da casa, do trabalho e da segurança da família em meio à pandemia. Ela disse ainda que relatórios indicam que o percentual de violência doméstica contra a mulher aumentou desde o início da quarentena. “Isso ficou claramente demonstrado em países não árabes, devido à presença de centros de apoio e de organizações de direitos humanos, e esses números diminuem na região árabe, não porque as mulheres não são vítimas de violência, mas pela falta de centros de apoio e pela cultura social dessa região, que impede as mulheres de pedirem ajuda, mesmo que em classes mais abastadas”, afirmou.
Outro tópico abordado pela kuwaitiana foi que a mulher trabalhadora é considerada o elo mais fraco no setor privado quando exposta a uma crise. “Na maioria das empresas verificamos que as mulheres foram dispensadas com a justificativa que há quem cuide dela, seja o marido, pai ou irmão, de forma a não garantir sua independência financeira”, declarou. Entre os principais setores ela listou os de habitação, hotelaria e alimentação e varejo, que têm em sua maioria trabalhadoras mulheres. Al Sabah afirmou que a implementação dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU é importante neste momento, principalmente no que tange à equidade de gênero.
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