São Paulo – No início do mês, a embaixatriz da Palestina, Nahida Alzeben, esteve no estado do Acre para ministrar um curso de bordado palestino às mulheres da região. O trabalho, que pode ser aplicado em almofadas, roupas, bolsas e lenços, tem importância histórica para o povo palestino, que o utiliza há mais de mil anos.
O convite à mulher do embaixador palestino em Brasília, Ibrahim Alzeben, foi feito pelo governo do estado, Secretaria de Desenvolvimento para Segurança Social e Assembléia Legislativa, em parceria com o Comitê Acreano de Solidariedade à Causa Palestina, que celebraram com Nahida o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. O curso de bordado reuniu 40 mulheres, entre elas descendentes de indígenas, libaneses e nativas da Amazônia.
De acordo com Nahida, o evento foi um sucesso e muito útil para as mulheres. “A técnica do bordado é bem parecida com a do ponto cruz. Esse bordado se caracteriza pela quantidade de figuras geométricas”, afirmou ela, que aprendeu a técnica milenar com uma tia na Palestina. “Fazer esse bordado é uma ótima terapia, é uma maneira de se concentrar e se esquecer dos problemas”, acrescentou.
Essa não foi a primeira vez que Nahida ensinou um grupo a fazer o bordado palestino. Segundo ela, até na Colômbia ela já foi para ensinar. Para fazer esse tipo de bordado, a embaixatriz recomenda o uso de agulha grossa, linha para bordar e tecido. “Não é complicado, é bem fácil”, disse.
O bordado palestino é encontrado de norte a sul do território. De acordo com Nahida, pelo bordado é possível saber de qual região da Palestina é o produto. Os bordados em formato de pássaros e flores, por exemplo, são mais vistos em trabalhos cristãos, já os com formatos geométricos, em trabalhos muçulmanos. Outra característica são as cores, dependendo da região os bordados são mais coloridos, senão preto, branco e vermelho são as mais usadas.
Antigamente, segundo a embaixatriz, as mulheres costumavam fazer o seu próprio vestido de noiva e usavam o bordado palestino. “As meninas aprendiam a bordar desde os sete anos de idade. Faz parte da cultura palestina”, disse Nahida. Hoje, na Palestina, os bordados estão mais presentes em almofadas, bolsas, sapatos, xales e algumas peças de roupa.
Com o sucesso do curso, Nahida propôs fazer para o próximo ano o inverso do que ela fez no Acre. “Seria muito bonito levar algumas indígenas para Palestina para elas ensinarem a tecer uma rede, por exemplo. Fazer um intercâmbio cultural”, afirmou.